(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
extinção de espécies
2007-09-14
Uma em cada cinco raças de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e galináceos deve desaparecer do planeta, nos próximos anos, segundo recente relatório da agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O documento - o primeiro levantamento mundial de recursos genéticos animais feito pela ONU - alerta para o desaparecimento de pelo menos uma raça desses animais domésticos por mês, desde o ano de 2000, em todo o mundo.

Mas o problema é especialmente grave nas nações em desenvolvimento da África, da Ásia e da América Latina, onde raças nativas - com características genéticas únicas - vêm sendo substituídas em massa por outras mais produtivas, a maioria originárias da Europa ou dos Estados Unidos. O Brasil não está isento do problema e luta, já há algumas décadas, para preservar sua diversidade genética e evitar a extinção de suas espécies. (Conheça exemplos de sucesso na conservação de raças bovinas brasileiras)

- Populações valiosas estão desaparecendo em escala alarmante - disse por ocasião do lançamento do relatório, na Suíça, o especialista em recursos genéticos Carlos Seré, diretor geral da International Livestock Research Institute (ILRI), instituição que contribuiu com a FAO para o levantamento inédito. - Em muitos casos, nós só saberemos o verdadeiro valor de uma raça quando esta já estiver extinta.

Segundo o documento, que analisou os espécimes de bois, porcos, ovelhas, cabras e frangos existentes nas fazendas de 169 países, quase 700 raças entraram em extinção desde o início do século XX, entre elas algumas tipicamente brasileiras, como o boi Guademar e o porco Junqueiro.

- A cada população que desaparece, características genéticas únicas, que podem ser fundamentais para o cultivo de animais domésticos no futuro - como a resistência ou imunidade a determinadas doenças - se perdem para sempre. Se nada for feito hoje, teremos opções cada vez mais limitadas amanhã - disse com exclusividade ao GLOBO ONLINE o diretor de biotecnologia do ILRI, Ed Rege. - Atualmente, 1.487 raças encontram-se ameaçadas, sendo que 579 correm risco iminente de desaparecer, o que exige a tomada de ações imediatas - enfatizou.

Entre as "ações imediatas" sugeridas pelos autores do documento está o estabelecimento de bancos de genes a fim de conservar sêmen e óvulos das raças em via de extinção. O problema, segundo o relatório, é que cerca de 60% dos países ainda não contam com estruturas para a conservação genética. Principalmente na África, uma das áreas mais afetadas pelas extinções.

Doadora da raça Junqueira, usada na clonagem bovina - Divulgação/Embrapa

- É inegável que faltam programas de conservação de raças, especialmente nos países em desenvolvimento, onde se encontram as maiores reservas de raças domésticas nativas. Mas o principal entrave para o aproveitamento inteligente e sustentável das raças atualmente existentes ainda é a falta de informações sobre os recursos disponíveis - avaliou Rege.

Segundo o pesquisador, se os produtores não sabem quê características genéticas cada espécie possui, estão arriscados a abandonar raças tradicionais por animais importados supostamente "mais produtivos", mas que não se adaptam às condições climáticas e sanitárias do seu ambiente.

No Brasil, a conservação de recursos genéticos não é novidade. Desde a década de 80, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em associação com criadores, universidades e outras instituições de pesquisa, investe na preservação de raças seculares de animais domésticos ameaçados de extinção. São bovinos, suínos, caprinos, ovinos, asininos, bubalinos e eqüinos que estão no Brasil desde a época da colonização, mas que foram sendo substituídas por outras raças consideradas mais rentáveis ao longo dos séculos e por isso hoje correm risco de desaparecer.


- A extinção dessas espécies representaria uma perda significativa para a Ciência e para a pecuária brasileiras, pois possuem características de rusticidade, adaptabilidade e resistência a doenças e parasitas adquiridas ao longo dos séculos, que podem ser muito importantes para o desenvolvimento de programas de melhoramento genético animal, a partir da transferência dessas características para raças mais produtivas - explicou ao GLOBO ONLINE Arthur Mariante, coordenador do programa de Conservação e Utilização de Recursos Genéticos Animais da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que participou do lançamento do relatório da FAO.

O projeto de conservação coordenado pela Embrapa hoje coleciona casos de sucesso. Ele está organizado em núcleos de criação distribuídos por todo o país, em parcerias diversos países (como Argentina, Uruguai, Colômbia, Espanha, Portugal, México e EUA) e também sob a forma de um banco genético que conta hoje com mais de 65 mil doses de sêmen de diversas espécies, especialmente bovinos, e aproximadamente 300 embriões. (Leia a íntegra da entrevista com Mariante)

- Esse material pode ficar conservado para sempre em botijões de nitrogênio líquido a - 196° C - contou o pesquisador brasileiro que, no entanto, não acredita que os bancos de genes sejam a solução para todos os problemas. - É fundamental que se encontrem nichos de mercado nos quais as raças a serem preservadas se mostrem rentáveis. Não é possível conservá-las com sucesso se não se pode usa-las.
(O Globo, 13/09/2007)



desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -