A mudança climática e a desertificação são dois aspectos do mesmo problema e devem ser combatidas conjuntamente, destacaram em Madri ministros e autoridades de todo o mundo em uma conferência da ONU sobre desertificação. "Esses dois temas estão intimamente ligados ao ponto de que podemos falar de duas faces de uma mesma moeda", resumiu ontem (12/09) Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (UNFCCC), presente em Madri para defender ações integradas no combate internacional aos dois problemas.
A ministra espanhola do Meio Ambiente, Cristina Narbona, falou sobre o assunto na mesa-redonda "Desertificação e adaptação à mudança climática", na 8ª Conferência Internacional de Acompanhamento ocorrida na convenção. "A desertificação, a perda da biodiversidade e a mudança climática são três aspectos ligados a um único fenômeno", destacou a ministra. "A mudança climática já tem um impacto importante sobre a desertificação e os cientistas nos dizem que, se fracassarmos na mudança climática, o impacto em termos de desertificação será terrível", destacou o holandês de Boer.
O ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Juan Mario Dary Fuentes, ilustrou a estreita relação entre pobreza, desmatamento e desertificação, um fenômeno que ameaça 48% da superfície daquele país. A União Européia (UE) apresentou como soluções para o problema os modelos de desenvolvimento sustentável e a luta contra o desmatamento e a pobreza.
Para a ministra espanhola, não é necessário criar novas convenções para combater a desertificação e o aquecimento global, mas sim melhorar os instrumentos existentes. "O conhecimento científico dos dois fenômenos, desertificação e mudança climática, é bom. O que falta é uma maior aplicação das políticas e sua realização", disse, na mesma linha Boer.
A 8ª Conferência Internacional dos 191 países signatários da UNCDD continua até sexta-feira (14/09), quando deve ser aprovado um plano de ação para os próximos 10 anos contra a desertificação. De Boer disse acreditar que o encontro possibilitará uma "revitalização" da estratégia dessa convenção da ONU, com maiores aportes orçamentários.
(
France Presse, 13/09/2007)