Começam nesta quinta-feira (13) em Pirapora, a 347 quilômetros de Belo Horizonte, no Norte de Minas, os serviços de limpeza de um trecho do Rio São Francisco, com o uso de uma máquina escavadeira. A medida visa a conter o processo de assoreamento, que está dificultando a captação de água para o abastecimento da cidade, de 52,7 mil habitantes, além de prejudicar o turismo. Pela primeira vez, será feita uma intervenção dentro do leito do rio na região.
Os trabalhos vão se estender por um período de 60 a 90 dias, sob supervisão técnica da prefeitura, que encaminhou o projeto de licença ambiental à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Ao longo dos anos, o São Francisco vem sofrendo com o assoreamento, que reduz o nível da água e dificulta a navegação. O problema é uma conseqüência do desmatamento e da retirada das matas ciliares. A falta da cobertura facilita a erosão, com a enxurrada carregando a areia e outros sedimentos para dentro do leito. Há também a queda dos barrancos. Em muitos pontos, devido à degradação, o rio ficou muito raso – com até meio metro de profundidade.
De acordo com o diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Pirapora, Helder Freire Cardoso, com as chuvas de janeiro e fevereiro deste ano, houve o acúmulo de grande volume de areia e material argiloso no ponto onde é feita a captação de água para o abastecimento da cidade, próximo à Ponte Marechal Hermes e às duchas. “O problema teria se agravado devido à degradação ambiental provocada por garimpos em afluentes do Rio São Francisco, principalmente no município de Abaeté (na Região Central do estado), o que foi constatado numa grande operação da Feam no ano passado”, lembra.
Ilhas de areia
Cardoso diz que o volume de areia acumulada próximo à área de captação de água é tão elevado que foram formadas verdadeiras “ilhas”, prejudicando o abastecimento da cidade, que necessita da captação de 200 litros de água por segundo. “Por isso é tão importante o trabalho do desassoreamento”, acrescenta.
Segundo dados da Prefeitura de Pirapora, o trecho a ser desassoreado tem cerca de 60 mil metros quadrados, o equivalente a seis campos de futebol. Deverão ser retirados do local cerca de 80 mil metros cúbicos de areia, quantidade suficiente para encher o Estádio do Maracanã, (RJ), até uma altura de 10 metros, segundo estimativa da administração municipal. “A obra é de extrema importância para o município, pois é de lá que sai a água que abastece a maior parte da nossa população e o assoreamento está dificultando a captação, além de prejudicar o turismo na cidade”, afirma o prefeito de Pirapora, Warmilon Fonseca Braga (DEM). Ele diz que, se não fosse a parceria com duas empresas, o município teria que desembolsar cerca de R$ 400 mil para os serviços.
O desassoreamento será feito a partir de parceria firmada entre a administração e a Case Implementos Agrícolas e a Votorantim Metais. A primeira forneceu a máquina escavadeira CX220, que pesa 22 toneladas, além do treinamento de pessoal, enquanto a segunda vai liberar os recursos financeiros para o pagamento das despesas (com pessoal, combustíveis e deslocamento), no valor de R$ 50 mil.
(Por Luiz Ribeiro, Estado de Minas, 13/09/2007)