Para preservar e revitalizar as águas da bacia, a Fundação Rural Mineira - Ruralminas, em parceria com o Ministério do Meio-Ambiente, por meio da Agência Nacional de Águas – ANA, está implementando o “Projeto de Recuperação e Preservação das Sub-bacias Hidrográficas Formadoras dos Afluentes Mineiros do Rio São Francisco”. O projeto, orçado em R$ 10,7 milhões, vai beneficiar 63 municípios na área da bacia.
A Ruralminas, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, executa o projeto em 11 municípios, com recursos de aproximadamente R$ 1,82 milhão, repassados pela ANA, por intermédio da Caixa Econômica Federal. As ações de conservação de solo e água e a readequação das estradas vicinais são executadas dentro do modelo adotado pelo Programa Caminhos de Minas, elaborado pela Ruralminas.
Muitas vezes construídas ao acaso e sem tecnologia adequada, as estradas vicinais favorecem o escoamento superficial das águas de chuva, arrastando solo e sedimentos para o leito dos córregos e nascentes, provocando o assoreamento dos cursos d’água.
Trabalho Pioneiro
Baldim, na região Central de Minas, é o primeiro município beneficiado com as ações do projeto. A cidade está inserida na região do Médio Rio das Velhas, um dos principais afluentes do São Francisco, e o maior em extensão. O trabalho está sendo implementado na sub-bacia do Córrego Grande ou Trindade. O Córrego já apresentava assoreamento elevado, com a redução do volume de água, além de sofrer as conseqüências da exploração agropecuária inadequada e da extração predatória da mata nativa para a produção de carvão vegetal.
Foram executados projetos de readequação da estrada vicinal, terraceamentos em áreas de pastagens e construção de bacias de captação. Segundo o engenheiro agrônomo da Ruralminas, Altair Roberto de Carvalho, responsável pelo acompanhamento de campo das obras, a estrada vicinal foi alargada com o padrão de 8 metros, e a conformação mecânica feita de forma a direcionar a água de chuva para as laterais. “A água retirada do leito da estrada é conduzida para as bacias de captação, onde fica armazenada, infiltrando-se no solo, e alimentando as minas e nascentes pelo lençol freático”, explica o técnico. A readequação da estrada engloba, ainda, o cascalhamento e a compactação.
Outra ação executada é o terraceamento (construção de curvas de nível) nas áreas de pastagens, com o objetivo de conter erosões e evitar o arrasto de solo superficial para os leitos do córrego. Todo o trabalho foi executado com equipamentos mecânicos, obedecendo a critérios técnicos, desenvolvidos pela Universidade Federal de Viçosa.
As obras vão beneficiar cerca de 3 mil pessoas, com vias de transporte mais seguras e melhoramento da quantidade e qualidade da água usada na agricultura, principalmente no cultivo de legumes e hortaliças, uma das principais atividades do município.
Tarcísio Onopre é produtor de hortaliças e mora com a família à beira da estrada vicinal, que foi devidamente readequada. Em períodos de chuva, ele já precisou carregar os filhos pequenos nas costas para levar à escola. Hoje, ele garante: “isso aqui está uma maravilha, uma avenida, até parece que asfaltou”.
A prefeitura de Baldim foi parceira na execução das obras, com a mão-de-obra, transporte de funcionários e ferramentas, e a relocação das cercas ao longo da estrada. A prefeitura se encarrega, ainda, de fazer a manutenção das obras executadas. Segundo o Prefeito, Itom Reis, com as obras, as águas não descem mais para o povoado. “A estrada conservada melhora a qualidade de vida da comunidade. Estamos muito satisfeitos com a parceria da Ruralminas na execução desta obra”, afirma.
São Francisco
Descoberto há pouco mais de 500 anos, o velho Chico vem sofrendo processos de degradação, ao longo das décadas, como assoreamento, poluição e destruição da vegetação ciliar, comprometendo a qualidade e a quantidade das águas.
A rede hidrográfica brasileira é formada por sete principais bacias, entre elas, a do Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Considerado o Rio da Integração Nacional, o “velho Chico” percorre cerca de 3 mil quilômetros, passando por mais quatro estados até desaguar no oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas, na região Nordeste.
É um rio de grande importância econômica, social e cultural para os estados que atravessa, como fonte de renda, de produção de alimentos (não só para a subsistência, mas para a produção de fruticultura irrigada para exportação), transporte e até para a geração de energia elétrica. Cerca de 15 milhões de pessoas dependem das águas da bacia do rio São Francisco.
(Por José Carlos Paiva, Agência Minas, 12/08/2007)