O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, avisou que no ano que vem o orçamento para fundação será 60% maior. Ele fez o comentário respondendo a pedido de mais investimentos do governo federal na feito por lideranças da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
- Dentro desse orçamento, os recursos voltados a programas de etnodesenvolvimento terão também um aumento significativo. Esperamos aumentar o investimento - disse o presidente da Funai.
O pedido dos índios foi feito nesta quarta-feira durante assinatura de carta-compromisso, no Palácio do Planalto, em Brasília.
- Não adianta ter terra demarcada se não tem nada produzido - disse o representante da Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima (Sodiur) Lauro Joaquim Barbosa.
O coordenador-geral do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, contou que os índios estão estudando e buscando melhorias na região.
- Queremos mais investimentos - afirmou.
- A gente teve que buscar o pensamento de empresário porque a gente foi chamado de preguiçosos, incapazes. Então nós queremos mostrar isso. Hoje somos pequenos fazendeiros, estamos estudando na academia [universidade]. Então, tudo isso representa uma disposição dos povos indígenas, uma preparação - observou.
O presidente da Funai rebateu as críticas de que índio é só quem "anda pelado na mata, caçando e pescando". Segundo ele, essa é uma visão ultrapassada.
- Não é porque ele faz universidade, vira advogado ou médico que ele deixa de ser índio. Pelo contrário, a sua afirmação étnica é algo que ganha um contorno mais importante quando ele pode se afirmar sempre na sua cidadania - ressaltou.
A lei determina que os 1,7 milhão de hectares da Raposa Serra do Sol são de direito dos 18 mil indígenas que vivem na região. O decreto de homologação da área foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2005.
De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o processo de reassentamento dos não-índios da reserva vem sendo realizado desde o ano passado. Para atendê-los, o Incra destinou 31,3 mil hectares de terras da União e 188 famílias estão em processo de reassentamento, segundo informou o instituto.
(Agência JB, 12/09/2007)