Desde o ano passado, o Congresso avalia o projeto de lei que libera o uso das sementes terminator para pesquisa no Brasil. As sementes, também conhecidas como suicidas, não estão liberadas para plantio, comercialização e nem mesmo para estudo em qualquer outro país. Atualmente, o projeto da senadora Katia Abreu, do DEM de Tocantins, está sendo analisado pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados.
O motivo para a resistência à tecnologia desenvolvida pela empresa Delta e Pine, dos Estados Unidos, está no fato de que a semente representa o fim da independência dos agricultores. A variedade terminator pode ser utilizada somente uma vez, pois ela não se regenera. Além disso, todas as sementes originadas de uma planta suicida são estéreis, ou seja, não germinam. Na avaliação do técnico Gabriel Fernandes, da entidade ambientalista ASPTA, a discussão no Congresso expõe a tentativa de controle das empresas sobre a agricultura.
"O que está em jogo, na verdade, é o controle absoluto das multinacionais sobre as sementes. Cada vez que as multinacionais conseguem aumentar seu controle sobre as sementes os agricultores, de outro lado, perdem a autonomia sobre a semente", diz. "Os deputados favoráveis à tecnologia terminator afirmam que ela poderia ser mais uma garantia para a biossegurança. Por ser estéril, ela impede a contaminação das sementes convencionais pelas transgênicas. No entanto, Gabriel rebate os argumentos.
"Na verdade, esse argumento é uma grande falácia, porque as sementes terminator não vão evitar a contaminação, pelo contrário, podem promover uma contaminação ainda mais grave, que seria de passar essa esterilidade para outras sementes. Então o agricultor que vai colher a semente dele e separar para plantar na próxima safra, se tiver sido contaminada com as sementes terminator, boa parte da lavoura não vai nascer no ano seguinte", defende.
As sementes terminator são muito rentáveis para as empresas. Além de o agricultor ter que comprar as sementes todas as safras, a tecnologia permite uma fiscalização mais eficiente em relação aos royalties. Gabriel avalia que se algum agricultor escapar do controle das empresas, a semente terminator resolve a situação, já que não germina. Além disso, ainda há a possibilidade de se fazer uma alteração genética na planta como, por exemplo, fazer com que a semente produza somente se for aplicado determinado agrotóxico.
A tecnologia terminator pertence à empresa Delta e Pine. No entanto, a Monsanto já assinou contrato em que desenvolve a tecnologia em suas sementes transgênicas.
(Por Raquel Casiraghi, Agencia Chasque, 12/09/2007)