Porto Alegre (RS) - Cerca de 700 integrantes do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam na tarde de quarta (12) a superintendência regional do Incra em Porto Alegre. Eles passaram a noite no prédio. Nesta quinta-feira, as famílias permanecem na Capital, onde realizam panfletagem e participam de debates sobre a reforma agrária em escolas.

As atividades marcam o início da segunda marcha do MST em direção à fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, Norte do Estado. Seiscentas famílias já saíram nesta terça de Bossoroca, na região das Missões, inaugurando as marchas dos sem terra à fazenda.

O dirigente estadual do MST, Mauro Cibulski, afirma que na fazenda Guerra poderiam ser assentadas cerca de 400 famílias, gerando renda e desenvolvimento para a região.

"Se ficarmos somente na região de Porto Alegre, os assentamentos colheram 50 mil sacas de arroz certificado orgânico somente nesta safra, que estão sendo vendidos em feiras e exportados, inclusive. Sem contar o arroz convencional. Na região Sul, os assentamentos arrecadam mais de um milhão de litros de leite por mês. Não temos vergonha de fazer comparação com o latifúndio. Na fazenda Guerra trabalham apenas 2 funcionários diretos e 20 temporários, enquanto que na Anonni, que fica na mesma região, gera 1,5 mil empregos diretos. Por isso que nós lutamos pela reforma agrária", diz.

As famílias marcharam durante toda a manhã de quarta de Eldorado do Sul para Porto Alegre, onde realizaram um ato em frente ao Palácio Piratini. Os sem terra exigem maior participação do governo estadual na criação de assentamentos, que desde o governo de Germano Rigotto não assentou uma única família gaúcha. Depois ocuparam a sede do Incra, a fim de pressionar o governo federal pela desapropriação da área.

O presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Milton Viário, foi um dos apoiadores que recebeu a marcha do MST em Porto Alegre. Para o sindicalista, a permanência dos agricultores no campo também beneficia os trabalhadores das cidades.

"Para nós, trabalhadores da cidade, nós sabemos que 80% da alimentação que comemos vem da mesa do pequeno agricultor. Portanto, para que os preços sejam possíveis de serem pagos por nós na cidade é preciso ter abundância e bastante qualidade de alimento. E isso, quem faz, são os pequenos agricultores", afirma.

A marcha do MST que saiu da região das Missões chegou na tarde de quarta em São Luiz Gonzaga, onde deve permacer toda a quinta-feira. Os mais de 500 sem terra que fecharam a entrada do viveiro da Votorantim em Capão do Leão, irão realizar protestos em Pelotas nesta quinta.

(Por Raquel Casiraghi, Agencia Chasque, 13/09/2007)