O governo do Estado anunciou ontem a implantação de sete projetos de produção de energia elétrica com base renovável no Interior do Rio Grande do Sul. Será criada uma microusina de biogás gerado a partir de dejetos suínos, a ser implementada no município de Capitão, no Vale do Taquari. A governadora Yeda Crusius também firmou protocolos de intenção para construção de seis pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Bacia do Rio das Antas. O anúncio foi feito durante a assinatura de convênio do governo gaúcho com a Deutsche Energie-Agentur, Agência Alemã de Energia (Dena), solenidade realizada no Palácio Piratini.
A parceria com a estatal alemã, que envolve a CaixaRS Fomento Econômico e Social, foi delineada durante a viagem de uma comitiva gaúcha à Feira Industrial de Hannover, em abril deste ano. A presidente da CaixaRS, Suzana Kakuta, explicou que o convênio está focado na qualificação de diversos setores da economia para o ingresso no mercado mundial de créditos de carbono. 'Até 2020 teremos que praticamente dobrar a oferta de energia disponível hoje', apontou. Segundo a dirigente da instituição, o mercado mundial de créditos de carbono deve movimentar 30 bilhões de dólares neste ano.
O projeto de implantação de uma microusina de biogás em Capitão é pioneiro no país. 'Além de diminuir o impacto dos gases emitidos para a atmosfera, o biogás é usado na produção de energia elétrica', acrescentou Suzana. Além de aporte financeiro da CaixaRS, o empreendimento receberá investimentos da Sulgás, Prefeitura Municipal de Capitão e de empresas privadas.
Atualmente, o Rio Grande do Sul possui cerca de 4,5 milhões de suínos, com uma capacidade de geração de resíduos de 13 milhões/m³ e 15,8 milhões de toneladas de créditos de carbono por ano. A presidente da CaixaRS apontou ainda o potencial eólico, avícola e de resíduos urbanos que podem ser utilizados para a geração de energia por meio da biomassa.
Duas pequenas centrais hidrelétricas serão instaladas entre os municípios de Caxias do Sul e São Francisco de Paula (PCH Criúva e PCH Palanquinho, ambas com potência de 24 MW); Serafina Corrêa e Nova Bassano (PCH Boa Fé, com potência de 24 MW); Guaporé e Nova Bassano (PCH São Paulo, com 16 MW); e entre Guaporé e Vista Alegre do Prata (PCH Autódromo, com 24 MW). O período de início das obras irá variar de outubro deste ano a abril de 2008. O prazo para conclusão dos trabalhos oscila de 18 a 22 meses.
Durante o anúncio dos projetos, o secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais (Sedai), Nelson Proença, destacou que a iniciativa colocará a CaixaRS na dianteira dos bancos estatais e privados do Brasil. A governadora Yeda Crusius disse que viabilizará a consolidação do RS como pólo mundial na geração de energia renovável, 'Estamos em sincronia com o ciclo mundial', falou.
O governo do Estado anunciou ainda uma reestruturação da CaixaRS, com a criação da Superintendência de Sustentabilidade, que será coordenada pela ex-secretária do Meio Ambiente, a bióloga Vera Callegaro. O novo setor responderá pelos projetos ambientais e pelo Birô de Créditos de Carbono, que funciona na agência.
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Correio do Povo, 13/09/2007)