Porto Alegre (RS) - Cerca de 500 integrantes da Via Campesina protestam nesta terça-feira (11) em frente ao viveiro da Vorotantim Celulose em Capão do Leão. Os agricultores estão no local desde as 6h da manhã, impedindo a entrada de funcionários e a saída das mudas de eucalipto. Eles pretendem permanecer na frente do viveiro por mais dias.
Segundo a integrante do Movimento Sem Terra (MST), Irma Ostroski, o objetivo da ação é denunciar o atual modelo do agronegócio na agricultura brasileira, especialmente o plantio de eucalipto. Para Irma, as monoculturas devem ser combatidas porque não produzem alimentos para a população.
"A produção de celulose, além de ser uma produção exclusivamente para exportação, é uma produção que não garante a alimentação do povo, e hoje essas grandes empresas produtoras de celulose estão se adonando de todas as terras disponíveis no nosso estado, no nosso páis para o plantio de eucalipto. As terras nossas devem servir para fazer reforma agrária. fazer produção de agricultura camponesa e não servir para o monocultivo de eucalipto pra produção de celulose", diz.
Os movimentos também denunciam que as monoculturas degradam o meio ambiente e não geram empregos, pois são produções de muita tecnologia. Pesquisas demonstram que um hectare da agricultura familiar gera quatro empregos, enquanto um hectare de monocultura gera apenas um posto de trabalho.
A ação de Capão do Leão também marca o início das marchas do MST em direção a Coqueiros do Sul. Além dessa, devem sair outras duas marchas no decorrer da semana, uma da região metropolitana de Porto Alegre e outra de Bossoroca, região central do Estado. O MST reivindica a desapropriação da Fazenda Guerra, de cerca de 13 mil hectares, o equivalente a nove mil campos de futebol. Na área, poderiam ser assentadas cerca de 400 famílias.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 11/09/2007)