O futuro das lavouras voltadas para a produção de biodiesel no Rio Grande do Sul pautou encontro nesta semana entre representantes dos pequenos produtores e das indústrias. Conforme o diretor operacional da BSBios, com sede em Passo Fundo, Erasmo Carlos Battistella, um dos temas de destaque foi o estabelecimento de preços para a próxima safra para as culturas da mamona, canola, girassol e soja. "Realizamos a primeira etapa de negociação, quando as entidades apresentaram uma proposta que ficamos de analisar", informou.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag) pleiteia um reajuste nos valores pagos aos agricultores, mas Battistella afirmou que pretende apresentar uma contraproposta à entidade. Segundo ele, na safra 2006/2007 os preços pagos aos produtores ficaram em torno de R$ 36,00 para a saca de mamona, R$ 31,00 para a canola e R$ 31,00 para o girassol.
O secretário nacional de Política Agrícola da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antoninho Rovaris, acredita que a proposta da Fetag é de que seja promovida uma mudança nos preços, estabelecendo valores de referência que possam oscilar à medida que os preços de mercado subirem. "Até o final do mês, a negociação deve estar concluída", completou.
No encontro também foram levantadas questões relativas à necessidade de incremento na área plantada de oleaginosas no Estado, como no caso da canola, que na opinião de Battistella teria necessidade de passar dos atuais 3,5 mil hectares cultivados para cerca de 10 mil. "Também precisamos crescer no girassol, de 8 mil hectares para 10 mil e continuar investindo em tecnologia para as lavouras de mamona", disse.
Battistella, afirma que durante o encontro foi feita uma avaliação do trabalho realizado entre os pequenos produtores e a indústria de biodiesel, com destaque especial para mamona. "A safra 2006/2007 foi a primeira em que trabalhamos em parceria e a mamona, por ser uma cultura nova, apresentou um desempenho muito bom, mas precisa melhorar, com a aplicação de novas técnicas de plantio e variedades", avaliou.
Outro ponto debatido diz respeito ao pedido feito junto ao Banco do Brasil para que os produtores possam contar com linhas de crédito especial para as culturas voltadas à bioenergia. "Estamos negociando a abertura de crédito do Pronaf, para custeio da próxima safra e, principalmente, solicitando seguro", destacou Rovaris.
O presidente da Fetag, Elton Weber, considera importante avaliar os últimos anos desse trabalho, uma vez que a primeira safra já foi colhida e negociada com as empresas. "Queremos olhar para a frente, fazendo alterações, adequações e sugerindo que o governo prossiga com a legislação atual, que através do Selo Social, favorece a agricultura familiar."
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JC-RS, 13/09/2007)