A redução pela metade no consumo diário de carne nos países desenvolvidos até 2050 ajudaria a limitar o aquecimento global, afirma um estudo publicado nesta quinta-feira (13/09) pela revista britânica The Lancet.
"Considerando que a população mundial aumentará cerca de 40% até 2050 e se não houver nenhuma redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa ligadas ao gado, o consumo de carne deverá baixar para 90g por dia e por pessoa para estabilizar as emissões de tal setor", explicaram os pesquisadores.
Também teria que limitar a 50g por dia o consumo de carne vermelha procedente de ruminantes, que emitem metano, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
O consumo médio de carne se eleva atualmente a 100g por pessoa e por dia no mundo, com diferenças consideráveis entre os países desenvolvidos - de 200 a 250g - e os países pobres - 20 a 25g-, afirmam.
Das emissões mundiais de gases que provocam o efeito estufa, insistiu a equipe dirigida por Anthony McMichael, do Centro Nacional de Epidemiologia e de Saúde das Populações de Canberra, 22% são oriundas da agricultura, uma proporção similar à do setor industrial, mas superior a dos transportes.
O gado, especialmente em seu transporte e em sua alimentação, afirma o estudo, é o responsável por quase 80% das emissões agrícolas, principalmente em forma de metano.
"Uma redução substancial do consumo de carne nos países ricos seria também benéfica para a saúde, principalmente porque se reduzem os riscos de doenças cardiovasculares (...), obesidade, câncer colo-rectal e talvez outros tipos de câncer", avaliaram os especialistas. "Um aumento do consumo de produtos de origem animal nas populações pobres seria também benéfico para sua saúde", completam.
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AFP, 12/09/2007)