O governo americano rejeita a ofensiva brasileira de questionar os subsídios à produção de milho que é usado na fabricação do etanol. Na avaliação da Casa Branca, o biocombustível deve ser considerado como um produto industrial, e não agrícola.
Portanto, o questionamento dos subsídios nessa área não poderiam fazer parte de uma disputa no setor agrícola. Ontem, o Brasil decidiu seguir adiante com seu processo na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra os subsídios americanos e promete incluir alguns programas de apoio à produção de etanol nos mais de 70 mecanismos de subsídios nos Estados Unidos.
O Brasil concorda que o etanol não deva ser considerado como um produto agrícola. Mas alerta que sua base de fabricação nos Estados Unidos - o milho - recebe subsídios bilionários e que uma proporção cada vez maior dessa produção é destinada ao biocombustível. "O etanol não é feito a partir de pedra, mas sim de um produto agrícola", afirmou uma fonte de Brasília. No total, o etanol americano conta com cerca de 200 mecanismos de apoio e recebe cerca de US$ 7 bilhões por ano. O tema promete ser relevante ainda na campanha presidencial nos Estados Unidos.
A iniciativa brasileira faz parte da estratégia de pressionar o governo americano a ceder em sua posição na Rodada Doha. Enquanto a Rodada não caminha e os países têm dificuldades em aproximar suas posições, a OMC e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) realizam a partir de amanhã em Lima, no Peru, um encontro para debater formas de ajudar os países em desenvolvimento a tirar o melhor proveito possível do comércio.
A idéia é estabelecer instrumentos para capacitar países a aumentarem sua competitividade, reduzir burocracia e adaptar sua produção à exportação. "O Brasil pode contribuir muito nisso", afirmou Pascal Lamy, diretor da OMC e que estará no encontro dos próximos dois dias no Peru. Segundo ele, a esperança é de que o Brasil repita na América do Sul as mesmas práticas adotadas com países africanos de língua portuguesa na capacitação de certos setores, como o do algodão. O Banco Mundial ainda estuda destinar recursos para esse esforço de gerar competitividade nos países mais pobres.
(
Agência Estado, 12/09/2007)