O PAPEL DOS TRANSGÊNICOS E DA AGROECOLOGIA PARA A SOBERANIA ALIMENTAR
2001-11-27
A propaganda das indústrias transnacionais, dos governos do Norte e do Sul e das organizações multilaterais, como o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), apresenta as plantas transgênicas como solução para o problema da fome. A proposta de resolução da FAO (Organização para a Alimentação e a Agricultura / ONU, na sigla em inglês) para novembro próximo também não toca no tema dos transgênicos, concentrando-se em apelar para maiores investimentos nacionais e internacionais na agricultura. Por outro lado, o diagnóstico da fome e da má nutrição mundial aponta para a pobreza e para o não-acesso a recursos produtivos como a causa da existência de 800 milhões de famintos e dos 2,4 bilhões de mal nutridos. Porém, com a produção atual de alimentos, cada pessoa no mundo poderia comer todos os dias: 1,7 kg de cereais, feijões e nozes; 200 g de carne, leite e ovos; e 0,5 kg de frutas e vegetais. A marginalização de 1,35 milhões de agricultores e suas famílias é a principal causa da fome e da má nutrição. Para estes, como para muitos pobres urbanos, não há alternativas de renda e emprego e, portanto, investir em aumentos de produção no primeiro mundo ou investir nas empresas rurais e latifúndios do terceiro mundo não resolve o problema.