A cana-de-açúcar poderá ser plantada na região Amazônica, desde que o cultivo não represente a derrubada da floresta. A informação foi dada nesta quarta-feira (12/09) pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em audiência pública promovida pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional para esclarecer a suposta intenção do governo de proibir canaviais naquela área.
"Nós deixamos muito claro que não se vai derrubar uma árvore para plantar cana. O que está em discussão é como recuperar áreas derrubadas ou áreas que não são de florestas, como as de savana em Roraima, ou mesmo dentro do Mato Grosso - que acabou entrando no conceito da Amazônia, embora não seja -, onde há outros biomas, inclusive de cerrado", afirmou Stephanes.
O ministro informou que, até junho de 2008, será divulgado o zoneamento que vai definir onde a cana-de-açúcar pode ou não ser plantada. A partir desse estudo, vão ser estabelecidas políticas de incentivo a ações como a recuperação de áreas degradadas. Reinhold Stephanes destacou ainda que a região Amazônica abriga oito biomas, e não apenas a formação florestal.
A presidente da comissão, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), afirmou que o documento a ser enviado será de grande utilidade para o colegiado, que deverá realizar um simpósio sobre a Amazônia em outubro. Ela destacou que as políticas públicas precisam levar em conta que a Amazônia não é um território homogêneo, já que possui diferentes biomas.
Alternativa econômica
Para o deputado Asdrubal Bentes (PMDB-PA), o plantio da cana em locais onde não existe floresta pode ser uma boa alternativa econômica para a região. "Só no Pará, temos 16,5 milhões de hectares de florestas que precisam de uma destinação econômica. Nós não podemos deixar que o amazônida viva à mercê do extrativismo; precisamos dar-lhe culturas permanentes para que possa melhorar sua condição de vida", argumentou.
Durante a audiência, o ministro afirmou ainda que o governo trabalha na elaboração de um selo social para certificar a produção de cana que adota boas práticas, além de cumprir exigências ambientais e trabalhistas. A adesão das empresas a esse selo vai ser voluntária. O governo está reunindo informações sobre 20 empresas e analisando ações adotadas por elas.
(Por Mônica Montenegro, Agência Câmara, 12/09/2007)