As mudanças no clima podem ter implicações globais na área de segurança equivalentes a uma guerra nuclear, a menos que sejam tomadas providências urgentes, disse na quarta-feira (12/09) um levantamento do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS). O centro de estudos especializado em segurança afirmou que o aquecimento global vai limitar as safras e a disponibilidade de água em todo o planeta, causando sofrimento e conflitos regionais.
O documento disse que, embora todos tenham começado a reconhecer a ameaça que as mudanças no clima representam, ninguém assumiu um papel efetivo de liderança para tratar da questão, e não se sabe exatamente quando nem onde o problema será mais grave. "As medidas internacionais mais recentes para combater o aquecimento global representam o reconhecimento de que, se a emissão de gases estufa continuar como está, os efeitos serão catastróficos, no nível de uma guerra nuclear", disse o relatório.
"Mesmo que a comunidade internacional consiga adotar medidas abrangentes e eficazes para mitigar as mudanças no clima, ainda assim haverá impactos inevitáveis do aquecimento global sobre o meio ambiente, as economias e a segurança humana".
O IISS cita as consequências tradicionais do aquecimento global, como a elevação do nível do mar, a migração forçada, tempestades mais intensas, secas, enchentes, extinções, incêndios florestais, epidemias, destruição de lavouras e a fome.
O impacto já está sendo sentido, especialmente nos conflitos do Quênia e do Sudão, e o mesmo deve acontecer em outros lugares. "Podemos todos ver que a mudança no clima é uma ameaça à segurança global, e dá para avaliar as causas e as áreas mais óbvias", disse o especialista Nigel Inkster, do centro de estudos. "Muito mais difícil é descobrir como lidar com isso".
O relatório, um documento anual, disse que uma das consequências da mudança no clima é diminuir a capacidade do mundo de combater o aquecimento global, num círculo vicioso. Com isso, aumentaria a distância entre ricos e pobres, e as tensões étnicas cresceriam, o que por sua vez incentivaria a ocorrência de ainda mais conflitos.
As áreas urbanas não escapariam, já que a escassez de água e a redução das safras elevaria muito o preço dos alimentos, disse a IISS. Segundo o texto, 65 países devem perder mais de 15% de sua safra agrícola até 2100, quando a população mundial já deve ter chegado aos 9 bilhões de pessoas.
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Reuters, 12/09/2007)