Trabalhadores rurais sem terra iniciaram ontem o movimento de marcha em direção à fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, município do Norte gaúcho. Três manifestações marcaram o começo do movimento em diferentes locais. Pela manhã, em Capão do Leão, na Metade Sul do Estado, cerca de mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças, montaram acampamento em frente ao viveiro coberto da Votorantim Celulose, no quilômetro 533 da BR 116.
Os 200 funcionários do viveiro tiveram a entrada barrada pelos manifestantes. A diretoria da Votorantim Celulose decidiu suspender o expediente por medida de segurança. Os pequenos agricultores ligados à Via Campesina e ao MST questionaram a política estadual de apoio à plantação de pinus e eucaliptos. 'A gente espera é o fortalecimento da agricultura familiar', defendeu uma das coordenadoras do MST, Irma Ostroski.
No acampamento montado às margens da rodovia, que reúne assentados de municípios como Bagé, São Gabriel, Livramento, Piratini e Herval, foram espalhadas faixas que pedem a saída de grupos como Votorantim, Aracruz e Stora Enso do Rio Grande do Sul. A marcha deverá prosseguir só no final de semana.
Em Bossoroca, nas Missões, um ato público com 500 sem-terra teve a presença de prefeitos e vice-prefeitos da região. Os agricultores reivindicaram o cumprimento das metas de assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
Um dos coordenadores, Nilton César de Lima disse que a União assentou apenas 744 famílias no RS em quatro anos. Este ano, nenhuma família teria sido assentada. 'A gente soma umas 2,5 mil famílias acampadas aqui no Estado', ressaltou.
À noite, os sem-terra invadiram a fazenda Manjabosco, no quilômetro 54 da RS 168, distante 6 quilômetros do centro de Bossoroca.
Em Eldorado do Sul, na região Metropolitana, coordenadores da Via Campesina realizaram ontem marcha com cerca de 700 pessoas. Hoje, planejam fazer ato público pela manhã na Esquina Democrática, em Porto Alegre, pela desapropriação da fazenda Coqueiros, uma antiga reivindicação dos sem-terra. O Incra, por meio de sua assessoria, afirmou que desde o início do ano foram assentadas 243 novas famílias no Estado e feitas 122 regularizações. Em quatro anos, foram assentadas 1,28 mil famílias. O instituto projeta, ainda, o assentamento de mais 29 famílias em Bossoroca até o final do mês. A assessoria apontou a greve dos funcionários como o principal motivo para os processos de assentamento e desapropriação estarem atrasados.
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Correio do Povo, 12/09/2007)