Os 95 índios da aldeia guarani de Maciambu, em Palhoça, na Grande Florianópolis, foram transferidos, ontem (11), para uma nova área em Biguaçu. As 18 famílias, que até então dividiam um espaço de quatro hectares, agora ocupam uma fazenda desapropriada com mais de 500 hectares. A transferência, em função da duplicação do trecho Sul da BR-101, foi realizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), com apoio do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).
Para liberar o licenciamento ambiental da obra, o Ibama impôs condicionantes ao DNIT. O resultado foi a elaboração de 23 programas ambientais, incluindo o de assistência às comunidades indígenas impactadas pela rodovia. Por determinação do Ibama, o DNIT repassou R$ 11 milhões à Funai, responsável pelas compra das terras e pela recolocação das aldeias consideradas prejudicadas. Este ano, outras duas transferências de indígenas foram realizadas nas localidades de Cambirela, em Palhoça, e de Cachoeira dos Inácios, em Imaruí, no Sul do Estado.
Ontem, antes das 8h, os 95 guaranis já aguardavam os caminhões que transportariam a sua mudança. Além de objetos pessoais, foram poucos os móveis e eletrodomésticos acomodados nas duas caçambas e dois ônibus cedidos pelas empresas que realizam o trabalho de duplicação naquele trecho da rodovia. Habitante do Maciambu desde 1995, há pelo menos uma década a comunidade pleiteava com a Funai uma área maior. A alegação era de que não havia espaço para plantar, pescar ou caçar, o que os obrigou a vender artesanato.
A área onde foram recolocados, na localidade de Amaral, a 20 quilômetros da BR-101, segundo o cacique José Benites, foi escolhida pelos próprios índios e custou à Funai R$ 1,4 milhão. No local, uma antiga fazenda de gado, as famílias dividirão, inicialmente, três casas e um galpão.
- Aqui viveremos muito melhor. Agora temos terra boa e espaço para plantar e criar animais, além de pescar e caçar no rio e nos quatro açudes - disse ele.
Em Gaspar, no Vale do Itajaí, um terreno de um quilômetro quadrado, na localidade de Santo Agostinho, acabou criando uma disputa entre a prefeitura e a Funai. O local está sendo comprado pela Funai para receber 10 famílias guaranis que serão deslocadas da reserva do Morro dos Cavalos, em Palhoça. O município, no entanto, tem planos de transformá-lo em um horto florestal.
(Por Taís Shigeoka, Diário Catarinense, 12/09/2007)