É difícil encontrar entre as mais de cem marcas de fabricantes de automóveis que participam do Salão Internacional do Automóvel de Frankfurt, na Alemanha, uma montadora que não apresente ao menos uma tecnologia de redução de emissões. Em sua 62ª edição, o evento deste ano tenta mostrar que o futuro para os carros é 'verde', com modelos menos poluentes, mais econômicos e, de preferência, compactos.
As montadoras estão mais preocupadas em mostrar as alternativas para carros que utilizem combustível alternativo do que designs revolucionários. Os carros conceito, aqueles futuristas que introduzem as tendências que serão usadas nos lançamentos de médio e longo prazos, estão na maioria dos estandes, mas a decoração e o tema da maioria das apresentações dos executivos do setor automobilístico são os 'automóveis verdes', com sistemas híbridos, flexfuel ou a hidrogênio.
Carros que conseguem rodar 33 quilômetros com um litro de diesel estão na lista dos objetivos das empresas. É essa meta, por exemplo, que tem a Volkswagen com o Up!, modelo compacto, por enquanto apenas um conceito. Hoje, a média dos carros europeus é de 20 quilômetros por litro.
'A maioria aqui concorda que o maior desafio no mundo hoje são as mudanças no meio ambiente', disse o vice-presidente da Toyota Motor Europa, Thierry Dombreval. 'O que nos move é atingir a emissão zero'. Primeira montadora a lançar um carro menos agressivo ao meio ambiente - o Prius, lançado há dez anos -, a Toyota apresentou o minicarro iQ, ainda um conceito, com tecnologia híbrida, que utiliza eletricidade e, na sua falta, gasolina.
De toda a linha de veículos da General Motors, apenas 6% hoje são de modelos verdes, porcentual que deve aumentar nos próximos anos. 'Só de modelos híbridos teremos oito lançamentos até o fim de 2008', disse o vice-presidente de produtos da GM, Bob Lutz.
A empresa também aposta na eletricidade e apresentou o Flextreme, modelo conceito que terá capacidade de rodar 55 quilômetros com uma carga elétrica. Também desenvolve veículos flexíveis, como o Vectra Flex Power, que utiliza 85% de etanol e 15% de gasolina. 'Não existe uma tecnologia que pode ser considerada a melhor, mas um portfólio de opções para ser aplicado de acordo com a conveniência do mercado', disse Said Deep, diretor da Ford Europa. A empresa trabalha em três frentes: tem 30 modelos a hidrogênio em teste e opções de híbridos, como o Fusion, que será lançado no fim de 2008, além de versões flex.
A tecnologia flex brasileira fez sua estréia no salão europeu com o Citroen C4 BioFlex, equipado com motor desenvolvido pela empresa no Brasil e que será vendido na França e na Suécia. A Delphi também levou para o evento uma moto flex que está em teste no País.
LANÇAMENTOS NO BRASILDiferentemente de anos anteriores, quando o Salão de Frankfurt sempre apresentava novidades que no máximo em três anos eram introduzidas no Brasil, os carros mostrados este ano dificilmente chegarão ao País. As versões com combustível alternativo apresentam soluções voltadas mais para o mercado europeu. A tecnologia híbrida é cara, a elétrica ainda restringe a autonomia dos carros e a flex já está no País até de forma mais eficiente. Os carros brasileiros rodam com 100% de álcool, enquanto os europeus utilizam no máximo 85%. Outra barreira é que parte dos lançamentos é de minicarros para no máximo quatro passageiros, e o brasileiro, embora goste de carros compactos, prefere versões que possam transportar toda a família, um pouco maiores.
(Por Cleide Silva,
Estado de S.Paulo, 12/09/2007)