Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2002
Autor: Álvaro Cesar Ruas
Resumo:
A construção de edificações com características adequadas ao clima e ao tipo de ocupação é de fundamental importância para a obtenção de ambientes que atendam as expectativas humanas quanto ao conforto térmico e para racionalizar o uso de energia com sistemas de ventilação, refrigeração e aquecimento. É fato que, em muitos casos, as edificações são projetadas principalmente em função de tendências estéticas ou exigências técnicas de produção, sem a preocupação em adequar o ambiente às características e limitações do Homem. Esse é um problema especialmente relevante nos ambientes de trabalho em que condições operacionais expõem trabalhadores a diferentes graus de desconforto térmico, o que certamente afeta a sua eficiência e pode nos casos extremos, hipertermia ou hipotermia, provocar danos fisiológicos. A avaliação do conforto térmico é uma ferramenta importante a ser usada em conjunto com programas simuladores de desempenho térmico para melhor adequar o projeto dos prédios ao clima e aos trabalhos executados, bem como para, na fase pós-ocupação, identificar e equacionar problemas oriundos do projeto, da construção ou da manutenção da edificação e também alguns relativos à organização do trabalho. O desconforto térmico é comum nos ambientes laborais brasileiros. A maioria das queixas refere-se ao calor, mas há também reclamações devido ao frio, que tem origem, principalmente, nos locais que manipulam e/ou estocam produtos resfriados ou congelados, como supermercados e frigoríficos. Essa realidade pode ser em parte explicada pela escassez de literatura e insipiência da pesquisa sobre esse tema no Brasil, bem como por não termos método normalizado para avaliar a sensação térmica das pessoas e nem legislação que estabeleça condições de conforto ou limites de desconforto térmicos. A situação atual é que os profissionais de projeto de edificações e de sistemas de ventilação e ar condicionado, bem como aqueles responsáveis pela segurança e higiene do trabalho não dispõem de conhecimento atualizado nem de ferramentas práticas para avaliação do conforto térmico dos ambientes edificados. Assim, adotando-se o método de avaliação de conforto térmico da ISO 7730 (1994), realizou-se a sistematização do conhecimento atualmente existente, abordando-se os modelos matemáticos inerentes ao método e os procedimentos para obtenção das variáveis de conforto. Baseando-se nessa sistematização foi desenvolvido o software Conforto 2.02 que avalia a sensação térmica das pessoas de acordo com o método da ISO 7730 (1994) e os preceitos da ISO 7726 (1998), ISO 8996 (1990) e ISO 9920 (1995). Esse software, para a plataforma Windows, torna possível a simulação de intervenções nos ambientes, seja na fase de projeto ou de pós-ocupação, de forma a colaborar no processo de tomada de decisão para melhoria da sensação térmica, principalmente nos locais de trabalho. Uma outra aplicação é como ferramenta para estimativa "instantânea" da sensação térmica em pesquisas sobre conforto térmico. Isso contribuirá para a criação de ambientes que harmonizem as aspirações humanas, o clima e as atividades desenvolvidas.