(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
reflorestamento desmatamento
2007-09-12

Doze empresas madeireiras se preparam para receber novos empréstimos a juros baixos do governo da Malásia para financiar projetos de reflorestamento. Mas, seus críticos alegam que esse dinheiro se traduzirá em subsídios ao desmatamento para os grupos de pressão da indústria da madeira. Seis destas companhias são do Estado malaio de Sarawak, rico neste recurso. Outras cinco já assinaram para ter direito a estes empréstimos, o que faz até agora um total de 12 firmas que integram um programa de reflorestamento com seringueiras e acácias. O governo federal estabeleceu um objetivo inicial de destinar US$ 57 milhões às companhias.

Estes empréstimos já apoiaram até 12 mil hectares de plantações de árvores em 2006 e o farão com outros 24 mil hectares em 2007/2008. Cerca de US$ 300 milhões serão destinados ao financiamento de projetos de reflorestamento até 2011. O ministro de Indústrias da Plantação e Matérias-primas, Peter Chin, disse que Sarawak apenas planeja aumentar suas plantações de florestas para um milhão de hectares até 2020. As plantações produzirão a matéria-prima para moinhos de processamento de madeira nesse Estado. Como parte deste empreendimento, firmas privadas plantarão 70 mil hectares anuais, enquanto o setor público cultivará 2.400 hectares.

Chin afirmou que as florestas plantadas reduzirão a dependência dos naturais. “Espero que todas as operações e atividades de plantação aconteçam de acordo com práticas florestais e princípios sólidos”, bem como seguindo as normas e leis existentes, disse o ministro durante uma entrega de empréstimos no mês de julho. Pelo programa de reflorestamento, são concedidos empréstimos a juros baixos de US$ 920 por hectare para plantar Acácia mangium, e de US$ 1.550 por hectares plantados com seringueiras. Uma vez que as árvores tenham atingido a maturidade, as companhias devolverão esses empréstimos com juros de 3,5%.

Um alto gerente de banco de Kuala Lumpur disse à IPS que um empréstimo comercial a uma típica companhia madeireira financeiramente sólida e estabelecida teria juros entre 8,25% e 8,75%. Portanto, a economia com empréstimos a juros baixos poderão ser calculados em milhões de ringgit. “Enquanto os bancos comerciais são um pouco rígidos ao proporcionar tal financiamento ou empréstimos com juros menores para empresas que assumem seus projetos florestais, as iniciativas do meu ministério e do Ministério das Finanças deveriam ser elogiadas”, afirmou Chin. Porém, os críticos se perguntam porque firmas lucrativas deveriam receber empréstimos com juros baixos para o reflorestamento.

“Um empréstimo a juros baixos é um subsidio. Se quer dar um empréstimo, dê pelo valor do mercado. Por que um empréstimo brando?”, perguntou o especialista político Andrew Aeria, destacando que o governo subsidiaria algumas das mesmas companhias que destroem as florestas. “Estas empresas já fazem enormes quantidades de dinheiro, boa parte do qual é investido no exterior. Assim, por que o governo federal lhes dá mais subsídios: Por acaso é porque o ministro de Plantações é de um partido baseado em Sarawak e a maioria das grandes madeireiras está vinculada ao mesmo partido político? Este é um caso de favoritismo?”, acrescentou.

Algumas destas firmas saíram do nada para se tornarem lucrativas, embolsando centenas e até mesmo milhares de milhões de ringgit a partir do desmatamento, afirmaram analistas. Segundo um acadêmico familiarizado com Sarawak, em primeiro lugar, as companhias madeireiras deveriam ser responsáveis pela plantação para o enriquecimento e reabilitação em suas áreas concedidas para o corte. “Se elas tivessem feito isso, efetuando o corte de maneira responsável, não haveria necessidade desse reflorestamento. Isto é testemunho das mentiras ditas todos estes anos de que o desmatamento era seletivo e sustentável”, acrescentou.

Inclusive, a área designada como zona de captação para o projeto da represa de Bakun, em Sarawa, não ficou fora do desmatamento, o que gerou dúvidas sobre a viabilidade econômica da própria represa. Em contraste, embora as práticas de corte sustentáveis causem alguns danos, também permite que as florestas se recuperem em um único ciclo entre 20 e 25 anos, embora demorasse muito mais restaurar as árvores originais. Inclusive a floresta natural seriamente degradada tem a oportunidade de se recuperar, se tiver o tempo suficiente. “Mas, naturalmente, não haverá ninguém ganhando dinheiro nesse período”, disse o acadêmico, que não quis ser identificado. Conceder empréstimos a juros baixos a empresas madeireiras equivale, na realidade, a financiar o desmatamento e não o reflorestamento, acrescentou.

A fonte disse que “as plantações de florestas’ acontecem em terra originalmente de mata que foi severamente degradada pelas operações de corte e habitualmente “envolve o plantio de espécies estrangeiras de baixo valor, como a Acácia mangium”, uma variedade altamente invasiva considerada uma ameaça às florestas naturais e ao meio ambiente. O diretor do Departamento Florestal de Sarawak não pôde ser localizado para falar a respeito. Seu colega no vizinho Estado de Sabah se negou a fazer comentários sobre o reflorestamento com acácias, e lembrando à IPS a “riqueza de informação” existente nos informes anuais do departamento, publicado em seu site na Internet.

Seja qual for a condição da floresta existente, plantar acácias de rápido crescimento significa cortar e remover o restante das árvores, criando uma paisagem despojada para o reflorestamento. “É uma plantação como qualquer outra. Também é um monocultivo: nada crescerá à sombra das acácias, e inclusive se alguém tentar recuperar o original, será muito difícil, já que a acácia é forte, suas sementes sobrevivem até oito anos, mesmo atravessando incêndios, e lançam brotos na menor oportunidade”, explicou o acadêmico.
(Por Anil Netto, IPS, 11/09/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -