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2007-09-11
Um grupo de mulheres que vive no coração do Semi-árido brasileiro, fazendo sucos, geléias e artefatos de fibras, virou protagonista de um documentário que terá 4 mil cópias e será distribuído em várias partes do país, a organizações governamentais e não-governamentais ligadas ao meio ambiente e aos direitos femininos. Moradores de uma das regiões mais pobres do Brasil, elas juntaram-se em cooperativas e hoje até exportam parte de sua produção para a Europa.

Chamado As fulô do sertão: mulheres da caatinga fazendo econegócios, o filme tem 36 minutos, foi apresentado pela primeira vez em junho deste ano e exibido no sábado (8 de setembro) na 26ª Feira do Livro de Brasília. É resultado do projeto Conservação e Uso Sustentável da Caatinga, um projeto do apoiado pelo GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e pelo PNUD.

O vídeo é um registro do trabalho desenvolvido pelo GEF Caatinga em quatro comunidades no Semi-árido do Nordeste, apoiando cooperativas e associações de mulheres que exploram produtos como o babaçu, o umbu e o caruá, retirados do próprio meio ambiente sertanejo.

As comunidades ficam no interior do Ceará, da Bahia e de Pernambuco. “Estas vilas são caracterizadas pela pobreza, e este projeto foi fundamental para elevar a qualidade de vida das famílias e garantir saídas para o êxodo rural, que é uma realidade nesta região”, diz João Arnaldo Novaes, presidente do Conselho do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Nordeste.

Na região de Canudos, interior da Bahia, encontra-se uma das cooperativas abordadas no vídeo, a COOPERCUC (Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá). Ela começou em 1999, como uma pequena iniciativa de 20 mulheres que produziam geléias, doces e sucos a partir da fruta do umbu, para vender em feiras locais e gerar alguma renda para as famílias. Hoje, agrega 200 mulheres e suas famílias, que produzem cerca de 100 toneladas dos derivados do umbu todo ano. Os produtos são vendidos tanto no Brasil quanto no exterior. Em 2004, pelo menos 4% da produção foi exportada para a França. Outros 92% foram incorporados à merenda das escolas na Bahia, através da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento). “Como os produtos são processados nas unidades industriais da região, o seu valor cresceu e passou a dar retorno econômico às famílias”, afirma Novaes.

A predominância de mulheres nessas comunidades não é apenas simbólica, afirma o coordenador regional do GEF Caatinga, Francisco Campello. "O vídeo tem uma abordagem de gênero muito significativa, que engloba também as questões ambientais", diz ele.

Na comunidade do sítio Macaúba, na região da Chapada do Araripe (CE), pelo menos 200 famílias chefiadas por mulheres sobrevivem extraindo a semente do coco de babaçu. Antes de ingressar no projeto do GEF, as mulheres usavam pedras para quebrar o coco, um método pouco eficiente e com riscos para a saúde. Após formarem a Associação de Mulheres Rurais do Sítio Macaúba, elas fizeram uma parceria com a Fundação Araripe, que trouxe equipamento novo para extrair e processar as sementes de babaçu.

Em depoimento para o documentário, a presidente da associação, Maria Betânia, afirma que “os recursos investidos nas comunidades do Semi-árido não precisam ser muitos; basta um maquinário simples que a vida muda e melhora”. O êxodo rural na comunidade diminuiu e hoje as mulheres usam o manejo sustentável para extrair a babaçu.
(Por Rafael Sampaio, PrimaPagina, 10/09/2007)


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