O Espírito Santo será um imenso eucaliptal. Como conseqüência, aumentarão os desastres social, ambiental e econômico. O alerta é de Dorizete Cosme, um dos coordenadores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Estado, ao comentar o anúncio da direção da Aracruz Celulose de que serão intensificados os plantios no sul do Estado e construída sua quarta fábrica.
A informação da Aracruz Celulose foi divulgada pelo seu presidente, Carlos Augusto Lira Aguiar, no jornal A Tribuna, edição desta segunda-feira (10). Ele anuncia investimentos de R$ 2,92 bilhões para que sua quarta fábrica em Aracruz entre em operação em 2015.
O investimento em plantios de eucalipto será de R$ 780 milhões. Os plantios no sul se tornarão rentáveis para a empresa em função da construção da Ferrovia Litorânea Sul. A empresa anuncia a geração de 1.500 empregos nos plantios de eucalipto o que aponta para uso de cerca de 45 mil hectares no sul do Estado.
Trata-se de um desastre ambiental, social e econômico sem tamanho para o Espírito Santo. Segundo Dorizete Cosme, o plantio de eucalipto sempre gera preocupação para a liderança dos pequenos agricultores. Explica: "haverá um assédio muito grande da Aracruz Celulose para a compra de terras e para que os pequenos agricultores façam parte do programa de fomento da empresa".
O dirigente do MPA lembra que a agricultura rende 25 vezes mais para o pequeno produtor do que os plantios de eucalipto, segundo pesquisa realizada em Santa Maria de Jetibá.
Os eucaliptais também empregam muito menos mão-de-obra. Enquanto os plantios de verduras e legumes absorvem de dois a três trabalhadores por hectare, com média de um posto de trabalho para o conjunto da agricultura familiar, para cada 30 hectares de plantios de eucalipto é criado apenas um posto de trabalho.
Nas contas do MPA, além da perda de mão-de-obra e conseqüente êxodo rural, com os problemas sociais decorrentes como aumento da concentração populacional e violência urbana, entra também os danos ambientais, como perda de água e intenso uso de agrotóxicos nos eucaliptais.
"O eucalipto não gera desenvolvimento. E prejudica a vida, provoca a fome. As fábricas de celulose não geram riqueza, e ainda aumentam a poluição. O aumento da poluição será sensível para os moradores do município de Aracruz", lembra Dorizete Cosme.
Na sua campanha contra a tomada do sul do Estado pelos eucaliptais, o MPA anuncia que buscará parcerias com as igrejas da região, com os sindicatos urbanos e, onde for possível, com os sindicatos de trabalhadores rurais, entre outros segmentos. E assinala que se a sociedade não abrir os olhos, o Espírito Santo irá se tornar um imenso deserto verde. Hoje os plantios de eucalipto degradam todo o norte e noroeste capixaba, e parte da Região Serrana.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 11/09/2007)