Os impactos causados pela monocultura do eucalipto da Aracruz Celulose no Espírito Santo, sob a ótica das comunidades tradicionais impactadas, é o foco da Semana Contra o Deserto Verde, que começou nesta segunda-feira (10/09), na Ufes. Durante três dias, serão exibidos vídeos documentários e promovidos debates, para alertar os capixabas sobre o problema.
O vídeo que abriu a semana foi o "Autodemarcação", retratando a saga dos Tupinikim e Guarani na retomada de suas terras. Abordou o movimento de retomada dos 11.009 hectares indígenas ocupados pela transnacional, cujas portarias declaratórias que devolvem aos índios capixabas o território, foram assinadas recentemente pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.
Após a exibição, foi ainda realizada uma mesa de debates, composta por Tupinikim e Guarani, representantes da Rede Alerta Contra o Deserto Verde e pela professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Celeste Cicarone.
A semana segue nos próximos dias, ressaltando a luta dos quilombolas e dos pequenos agricultores. Nesta terça-feira (11), será exibido o vídeo "Cemitério Quilombola", sobre os prejuízos sociais, culturais e econômicos dos extensos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose.
O cemitério foi tomado dos quilombolas pela empresa, e é parte dos 50 mil hectares do território que a Aracruz ocupa pertencente aos descendentes de escravos. A destruição desta região e da sua cultura gerou revolta nas comunidades. Após 40 anos, a área chegou a ser reocupada em protesto dos quilombolas contra a Aracruz, no ano passado.
A seqüência de vídeos e debates vai até esta quarta-feira (12). Neste dia, o vídeo "Rompendo o Silêncio" será exibido na presença de representantes dos movimentos camponeses do Estado como o Movimento Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Em seguida, o assunto será debatido com o professor da Ufes e doutor em Geografia, Paulo Scarim.
O vídeo retrata a articulação do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), MST, MPA, Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) contra a expansão dos plantios de eucalipto e o plantio transgênico da espécie, realizado em março de 2006, em um viveiro da Aracruz Celulose.
A Semana Contra o Deserto Verde é um movimento realizado pela Brigada Indígena, grupo que apóia a luta dos índios no Estado desde 2005, e pelo CA de Serviço Social da Ufes. O evento é realizado no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE).
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 11/09/2007)