As negociações sobre o clima estão avançando, como mostra o desfecho da reunião de Viena, que terminou hoje. A reunião é a primeira preparatória para a Conferência das Partes que acontece em Bali, em dezembro. No entanto, o Greenpeace chama a atenção para o fato de que medidas urgentes têm que ser adotadas, já que o tempo para isso está se esgotando.
Delegados de 158 países participantes do encontro chegaram a um consenso sobre quais seriam os próximos passos para a negociação da segunda fase do protocolo de Kyoto, principalmente estabelecendo que um intervalo entre 25% a 40% de cortes de emissões em relação aos níveis de 1990 até 2020 seria um parâmetro inicial satisfatório para determinar as futuras reduções de emissões de países industrializados.
“Estamos a caminho da reunião de Bali, onde os governos terão que concordar com um mandato claro para as metas de reduções de emissões de gases estufa, e por isso precisamos agir rápido para refletir a urgência que a ameaça da mudança climática representa”, afirmou Stephanie Tunmore, do Greenpeace Internacional.
Também foram discutidas ações que deverão ser tomadas pelos países em desenvolvimento. Parte do mandato da reunião de Bali será a discussão sobre o desmatamento como fonte de emissões, que colocam países como o Brasil e a Indonésia entre os maiores poluidores do mundo.
“A ausência de liderança da delegação brasileira em Viena e a defesa do direito de poluir para crescer para os países em desenvolvimento, explicitada pelo governo Lula aqui no Brasil, é motivo para deixar a população brasileira preocupada. O governo brasileiro deve demonstrar responsabilidade política e assumir metas de redução de suas emissões florestais proporcionais à nossa contribuição ao problema”, afirmou Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil.
No Brasil isso significa assumir um compromisso com o fim do desmatamento e a adoção de uma nova matriz energética baseada em fontes renováveis para garantir energia limpa para um desenvolvimento sustentável.
Durante a reunião em Viena, o Japão, o Canadá, a Nova Zelândia, a Rússia e a Suíça tentaram introduzir metas menores de redução que, se adotadas, levaria a um aumento dos níveis de gases estufa e a um risco muito maior de impactos climáticos. A posição defendida por esses países poderia levar a um aumento da temperatura média global de até 4º C, o que significaria que o aquecimento global ficaria fora de controle.
“O mundo estará de olho nesses países e nos grades emissores, como Brasil, Indonésia, China, Índia e outros, já que apenas um resultado muito positivo em Bali pode fazer com que as ações imediatas necessárias para combater o aquecimento sejam adotadas a tempo”, afirmou Furtado.
(
Greenpeace Brasil, 03/09/2007)