Entrevista: Jairo Menegaz, chefe do escritório do Ibama em CaxiasCondenando as queimadas, o chefe do escritório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Caxias do Sul, Jairo Menegaz, critica os argumentos a favor do uso do fogo controlado. Confira a entrevista concedida ontem ao Pioneiro:
Pioneiro: O uso do fogo controlado poderia ser liberado?
Jairo Menegaz: Em primeiro lugar, quem pensa em mexer na lei para liberar o fogo está pedindo permissão para matar. Na maioria das vezes, as pessoas queimam de forma empírica, sem técnica nenhuma. Queimam restos de mata nativa, florestas replantadas, há a degradação do solo, poluição do ar e outros tantos danos ambientais.
Pioneiro: O produtor reclama que é a única técnica economicamente viável.
Menegaz: O problema é dele, não da sociedade. Ele é que tem de aprender a trabalhar com tecnologia. Sei de produtores pobres que têm 400 hectares e, ao mesmo tempo, vejo produtores de uva de Caxias, ricos, donos de menos de 10 hectares. Vejo esses casos a menos de 50 quilômetros de distância um do outro.
Pioneiro: Mas e quem quer continuar com o gado?
Menegaz: Tem que investir em manejo de pastagem e divisão de campo. Tem de construir cercas. Se dividir o campo em potreiros menores, só com o pisoteio e com o adubo natural, você vai limpando e fertilizando o campo. Também tem de ter gente revirando a terra.
Pioneiro: Há medição do impacto no meio ambiente na Serra?
Menegaz: É difícil medir, mas temos muito a perder na fauna e na flora. Isso sem contar a poluição atmosférica. Em tempos de discussão sobre aquecimento global, queimadas são inadmissíveis. O produtor tem de pensar em outros investimentos, como a rotatividade das pastagens, ou até pensar em outra atividade econômica.
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Pioneiro, 11/09/2007)