O presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou ontem (10/09) sua cruzada pelos biocombustíveis à Finlândia, primeira etapa de uma viagem pelos quatro países nórdicos, todos sempre considerados de grande correção política e ambiental.
Por isso, o presidente tocou música aos ouvidos finlandeses, ao informar, em palestra de encerramento de seminário empresarial, que o Brasil logo terá "o primeiro carro verde, com todas as peças de plástico derivado do etanol, em vez de petróleo".
Em troca, ganhou de Tarja Halonen, a presidente finlandesa, o reconhecimento do interesse de seu país pelo desenvolvimento, no Brasil, do álcool e mais genericamente dos biocombustíveis.
Mas Lula foi obrigado, mais uma vez, a contestar crescentes suspeitas de que o plantio de sementes que permitam fabricar biocombustíveis acabe ocupando a área destinada a alimentos ou derrubando florestas.
"É perfeitamente possível conciliar a produção de alimentos com a produção de biocombustíveis", afirmou Lula, para citar dados: a área agricultável, no Brasil, chega, segundo o presidente, a 383 milhões de hectares, dos quais apenas 1% fica para a cana-de-açúcar, hoje a principal cultura para a produção de álcool.
InvestimentoO presidente Lula disse também que a prova da compatibilidade entre cultivos para alimentação e para o álcool está dada pelo fato de que no Brasil crescem tanto a produção de alimentos como a de biodiesel.
Quanto às florestas, mesmo com o aumento da produção de biocombustíveis, houve queda na derrubada da ordem de 60% em três anos, de acordo com os números lançados por Lula aos empresários e autoridades finlandesas.
O presidente convidou o empresariado a investir em duas diferentes direções. No Brasil, no próximo passo em biocombustíveis, que é a produção do álcool celulósico (a partir de diferentes resíduos de organismos vivos).
Na América Latina, Caribe e África, no álcool da cana-de-açúcar, na medida em que, nessas regiões, o solo e o clima apresentam condições favoráveis como ocorre no Brasil.
Lula repetiu um termo que vem empregando em todas as viagens ao exterior, qual seja: "a revolução dos biocombustíveis". Mas deu a ela não apenas um sentido ambiental. Lembrou que, também economicamente, é bom negócio. "O etanol é competitivo com o [preço do] petróleo, na faixa de 22 [o equivalente a um barril de petróleo]", afirmou.
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Folha de S.Paulo, 11/09/2007)