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césio-137
2007-09-11
Corpos estirados no chão e um jovem que simbolizava a “morte” caminhando em volta dos demais. Vestidos de preto, cerca de 40 integrantes do Greenpeace realizaram, na manhã de ontem (10/09), um ato público na Praça Municipal em homenagem às vítimas do césio-137, contaminadas em Goiânia há 20 anos. O episódio completará duas décadas esta quinta-feira. Da Bahia, estiveram presentes representantes do município de Caetité, a 757km de Salvador, onde tem início o ciclo do urânio, também radioativo. O ensejo foi aproveitado ainda para comunicar a campanha da ONG Não a Angra 3, a terceira usina nuclear do país.

A morte, que simbolizava a energia nuclear, foi a maneira que os ativistas encontraram para lembrar dos mais de 60 mortos e milhares de pessoas atingidas pelo acidente com as cápsulas radioativas de césio-137 em Goiânia. A tragédia, ocorrida em 1987, é considerada o maior acidente radiológico em área urbana da história, mas não tem merecido atenção especial do poder público, segundo os manifestantes.

Atualmente, 118 pessoas são reconhecidas pelo estado e recebem pensão. Destas, 16 recebem R$900 por mês. As restantes ganham R$520. “Nosso objetivo é que haja justiça e uma assistência mais digna a essas famílias”, enfatiza a coordenadora da Associação das Vítimas do césio-137 (Avicésio), Sueli Lima de Moraes Silva. Ainda segundo ela, 70 dos moradores da área, em 2002, já haviam desenvolvido câncer. Hoje são mais de cem. “E as autoridades continuam negligenciando. Não podemos provar que o câncer esteja ligado à contaminação, mas precisamos de estudos que o façam”, avaliou.

Juntamente com ela, os integrantes do Greenpeace estampavam em suas camisas a mensagem “Angra 3 não!”. “Escolhemos também a Bahia para esse ato porque é aqui que começa o ciclo do urânio. Aqui ele é extraído e monitorado”, explica o coordenador das campanhas de energias renováveis, Ricardo Baitelo. O acidente do Césio, continua, expôs a incompetência do governo em lidar com o problema. “A mesma negligência ocorre em Caetité”. Ele defende o uso de outras alternativas de energia que não a radioativa, como a solar e a eólica. “Para a Angra 3 foram gastos até agora R$8,5 bilhões. É um custo que não compensa”, acrescenta. Em Caetité, trabalhadores da indústria estão expostos. Segundo Zoraide Vilasboas, coordenadora de comunicação da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania, uma equipe multidisciplinar foi montada para monitorar a situação no local. “A radioproteção no Brasil é muito falha”, ressalta.

(Correio da Bahia, 11/09/2007)





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