A visita da ex-primeira-dama da França, Danielle Mitterrand, ao Acre, coincidiu com um contrato entre o governo do Estado e uma empresa francesa na área de vigilância ambiental.
O novo sistema francês, muito mais potente, tem resolução de nove metros quadrados e vai gerar imagens em tempo real para o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).
A presidente do Imac, Cleísa Cartaxo, disse que o sistema vai vigiar as regiões do Alto-Acre e Alto-Purus, além de Sena Madureira, Feijó, Tarauacá e a fronteira de Cruzeiro do Sul com o Peru - área constantemente invadida por madeireiros peruanos que, segundo o Ibama, têm como comparsas autoridades do governo peruano.
"As imagens vão servir de embasamento às operações de prevenção e combate aos crimes ambientais, já que temos um escritório em Cruzeiro do Sul que será acionado em caso de crime ambiental. Será uma ação integrada com o Pelotão Florestal e outros órgãos para coibir esse tipo de crime na região", revela Cleísa Cartaxo, cujo cargo tem status de secretaria de Estado.
Para coletar e arquivar os dados, o Imac firmou um convênio com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma ONG formada por cientistas brasileiros e norte-americanos, sendo alguns também funcionários do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O BID é uma das instituições financeiras que patrocinam projetos de desenvolvimento na Amazônia, de acordo com o cronograma da Iniciativa para a Integração de Infra-estrutura Regional Sul-Americana (Iirsa). O Iirsa foi criado em 2000, com o aval de 12 presidentes da República da América do Sul. O Brasil está incluído. (Josafá Batista)
Big Brother AmbientalApesar de ampliarem a margem de manobra do poder público no combate aos crimes ambientais, especialmente os cometidos pelas empresas peruanas no Juruá, o sistema de vigilância já começa a despertar críticas. Setores do próprio governo já apelidarem o novo sistema de "Big Brother Ambiental".
Danielle Mitterrand, que foi esposa do falecido presidente francês François Mitterrand, dirige a fundação France Libertés e apóia a luta na América Latina por uma gestão pública da água.
Criada há 20 anos para defender os direitos humanos, a Fundação France Libertés voltou-se à defesa de direitos ambientais devido ao grande número de pessoas atingidas por problemas gerados pela privatização de recursos naturais. A fundação apóia cem projetos no mundo, seis deles no Brasil.
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A Tribuna, 06/09/2007)