Realizada entre os meses de julho e agosto passados, a I Expedição PROMAR (Projeto Mamíferos Marinhos do Maranhão) visitou seis comunidades de pesca, incluindo os municípios da Raposa - um dos principais portos pesqueiros do estado -, Humberto Campus e Tutóia, localizados no Delta do Parnaíba.
Através de entrevistas, foi diagnosticado que aproximadamente 34% dos pescadores ainda consomem a carne de boto quando capturados nas redes de pesca, sendo a rede serreira o principal artefato responsável pelas capturas, com aproximadamente 57% das ocorrências.
A expedição, realizada em parceria com o Núcleo de Biodiversidade da Universidade Estadual do Maranhão e o Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), teve o objetivo de diagnosticar as áreas de ocorrência da espécie boto-cinza (Sotalia guianensis) ao longo do litoral central e leste do estado do Maranhão.
Além das avistagens embarcadas, a equipe do Promar - coordenadora de Encalhes, Rosana Griselda Garri, e estagiários Mariana Soares Santos, Mariana Bueno Serra, Cristiano Ferreira Cruz e Leonardo Moreira de Oliveira - visitou comunidades de pescadores para coletar informações mais precisas sobre a pesca acidental e o uso das carcaças de cetáceos para fins comerciais.
Durante os trabalhos de entrevistas, a equipe também distribuiu cartilhas informativas explicando a necessidade de conservar os mamíferos marinhos no litoral maranhense e mencionou os riscos para a saúde das pessoas que ainda consomem a carne do animal.
Segundo o biólogo e coordenador do Promar, Fagner Magalhães, o grande destaque da expedição ficou por conta das avistagens do Sotalia guianensis ao longo do percurso. Foi observada uma maior concentração desta espécie em águas mais calmas e protegidas, a exemplo de áreas nas cidades de Humberto de Campos e Primeira Cruz, com grupos de 10 a 20 indivíduos. Verificou-se em todos os locais avistados a presença de filhotes, o que leva a equipe a acreditar que eles sejam áreas de reprodução e cuidado parental.
“O fato de observarmos grande concentração em áreas mais protegidas fortalece a idéia de que estas localidades precisam ser consideradas prioritárias para a criação de Unidades de Conservação, necessitando também a intensificação de fiscalização quanto à pesca acidental”, disse Fagner a AmbienteBrasil.
Todos os dados coletados durante a expedição foram apresentados pela estagiária do Promar Mariana Soares Santos, aluna da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em trabalho de conclusão de curso de Ciências Aquáticas e serão publicados em breve em revistas indexadas.
“Vale ressaltar que este foi o primeiro trabalho de monografia voltado para os cetáceos no litoral do Maranhão, demonstrando o apoio que as universidades como a UFMA, sob a coordenação do professor Antonio Carlos Leal Castro, e a UEMA têm dado nas atividades do Projeto Mamíferos Marinhos do Maranhão durante sua pesquisa de trabalho”, diz Fagner. Ele antecipa que as informações coletadas serão de “extrema relevância” para o norteamento das futuras pesquisas que venham acontecer no estado, além de contribuir com futuros trabalhos de conservação.
O Promar é vinculado ao Núcleo de Biodiversidade da Universidade Estadual do Maranhão e conta com o apoio da Cetacean Society International (CSI/USA) e Maranhão Yatch Charter.
(Por Mônica Pinto,
AmbienteBrasil, 05/09/2007)