Depois de enviar representantes à conferência prévia da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças do clima em Viena (Áustria) e sediar um encontro internacional para discutir ações globais de desenvolvimento sustentável, o Brasil participará no fim do mês, nos Estados Unidos (EUA), de duas reuniões da agenda ambiental do planeta.
São elas: uma reunião de alto nível da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York nos dias 27 e 28 e um encontro convocado pelo presidente dos EUA, George W. Bush, em Washington no dia 24.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou o envio de um representante brasileiro, o diplomata Everton Vargas, à reunião de Bush, mas não comentou se a convocação indica uma possível mudança de postura do presidente norte-americano em relação à preocupação global com o aquecimento. Apesar de serem responsáveis por cerca de 35% das emissões de gases de efeito estufa do planeta, os EUA não ratificaram o Protocolo de Quioto e não têm metas de redução.
Na reunião da ONU, o governo brasileiro anunciou que vai defender a criação de um organismo internacional nas Nações Unidas para o meio ambiente, nos moldes de estruturas como a Organização das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco). A proposta brasileira, lançada durante a reunião no Rio de Janeiro, prevê uma organização “guarda-chuva”, que teria função coordenadora das decisões globais sobre meio ambiente.
O diretor do departamento de Meio Ambiente e Políticas Especiais do Itamaraty, ministro Luiz Alberto Figueiredo, disse que a instalação de um organismo da ONU para as causas ambientais é uma demanda mundial, mas, ao contrário de propostas de outros países, a sugestão brasileira, “mais conciliadora”, defende a manutenção da estrutura já existente, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
“Ele seria mantido e fortalecido como agência ambiental, com aspectos importantes voltados para ajuda aos países na implementação de suas políticas ambientais, cooperação técnica e treinamento de pessoal”, enumerou.
Figueiredo prevê que a discussão se estenderá para a reunião das Nações Unidas em 2008, quando a organização deverá decidir, ou não, pela criação da nova estrutura para as questões ambientais. “Além de concentrar as decisões – que hoje são mais pulverizadas em centenas de grupos na ONU – esse organismo aumentaria a integração da questão ambiental na discussão do desenvolvimento sustentável”, aponta.
Mais incisivo, o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, Paulo Artaxo, um dos quatro brasileiros no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), defende a criação de duas novas organizações na ONU: uma para questões ambientais e outra exclusivamente para as mudanças climáticas: “ Já passamos do ponto crítico, é preciso uma rápida atuação global para frear os problemas”.
(Por Luana Lourenço, Agência Brasil, 09/09/2007)