O trabalho discreto, realizado por pessoas anônimas e que tem garantido a sobrevivência de centenas de animais agora precisa de ajuda. Para manter os 80 cães de rua, vítimas de maus-tratos e atropelamentos, a Associação Protetora de Animais - SOS Animais busca aporte financeiro com a comercialização de camisetas. O primeiro a colaborar foi o cartunista André Macedo, que cedeu a arte do material. O lançamento ocorreu durante jantar beneficente, em que foi empossada a nova diretoria da entidade.
De acordo com a presidente da SOS Animais, a veterinária Lorena Coll, a associação surgiu há oito anos pela necessidade de se fazer alguma coisa para amparar os animais errantes. “Somos 13 associados que trabalham efetivamente para manter a chácara da associação e realizar o máximo de esterilizações possíveis”, disse. A casa já abrigou 200 hóspedes, mas as dificuldades para mantê-los dignamente obrigou a associação a reduzir o número.
Todos os animais da chácara são castrados e têm um nome. Ou seja, são tratados individualmente e com respeito. O responsável por dar um pouco de carinho aos animais que foram jogados à própria sorte é o caseiro Roberto Coutinho. De acordo com Lorena, todos estão prontos para receberem um lar.
Despesas elevadasO trabalho, que antes era mantido quase no anonimato, uma vez que muitas pessoas passaram a associar a SOS Animais como depósito de bichos, agora vem a público para expor a realidade. Além dos associados, a entidade conta com a ajuda financeira de 30 sócios contribuintes, que colaboram com valores entre R$ 1,00 e R$ 100,00.
Entretanto, as doações não cobrem as despesas mensais que chegam aos R$ 1 mil, gastos com salário do caseiro, ração, luz, medicamentos e material de higiene. “Esse custo é alto e nossa idéia é com o tempo trabalhar somente com castrações, que é o que efetivamente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), age na raiz do problema: nascimentos indesejados”, justificou a presidente da SOS Animais, Lorena Coll.
Com a estimativa de 30 mil animais perambulando pelas ruas de Pelotas, o maior apelo feito pela veterinária é para que as pessoas entendam a impossibilidade se acolher todos os animais. “Enquanto não tivermos uma campanha maciça de castrações - e para isso precisamos que o Poder Público encare esse problema de maneira séria - vamos continuar apenas minimizando essa triste situação”, colocou.
O desejo de contar com um serviço que acolhesse os animais atropelados, em risco de vida e maltratados, para os membros da diretoria parece estar longe de acontecer. “Fazemos tudo por nossa conta por amor e respeito aos animais”, afirmou.
OrientaçãoA S.O.S. Animais orienta sobre a melhor forma de solucionar os problemas de bichos que sofrem de maus-tratos ou são vítimas de atropelamento fazendo denúncias à Promotoria Pública. “Todo cidadão pode e deve denunciar, pois é a única maneira de se punir os culpados. Precisamos de cidadãos conscientes que entendam que ter um bichinho é um ato prazeroso e que ele vai durar em média 12 anos”, disse a veterinária Lorena Coll.
A consciência de que será preciso cuidar dele até o fim da vida pode evitar uma prática muito comum, o abandono de animais idosos e doentes. O trabalho da associação e os locais de comercialização das camisetas e adesivos do SOS Animais podem ser conferidos no site www.sosanimais.cjb.net.
(Por Cíntia Piegas,
Diário Popular, 10/09/2007)