Pouco menos de um mês do incêndio que consumiu mais de 120 hectares da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), o fogo voltou a queimar ontem uma parte da área verde do órgão estadual. As chamas altas, o cheiro de fumaça, o barulho da madeira estourando e o grande clarão davam a dimensão do trabalho que os bombeiros tinham pela frente. Até a noite, os bombeiros continuavam, com dificuldade, tentando controlar o fogo que se alastrava rapidamente desde o fim da tarde. As chamas só foram controladas por volta das 22h30min, mas mais de cinco dos 542 hectares da Fepagro haviam sido queimados.
Por volta das 17h30min, os policiais da Brigada Militar (BM) de Boca do Monte tentaram, em vão, apagar o fogo, mas as chamas já eram muito altas. O incêndio começou perto do acostamento da RS-230, a aproximadamente um quilômetro da entrada da Fepagro. A BM acionou os bombeiros de Santa Maria, que demoraram cerca de uma hora para chegar ao local. Um caminhão da unidade de Camobi e sete homens foram ao local para o primeiro combate. Por volta das 19h30min, a água do caminhão acabou e foi preciso levar o carro até a unidade do Parque Pinheiro para reabastecer. Enquanto isso, os soldados tentavam, com abafadores, acabar com as chamas. Dezenas de curiosos pararam para ver o fogo. Muitos tiravam fotos com os telefones celulares. O aposentado Antônio Volpatto, 51 anos, mora a 500 metros da Fepagro e estava desolado com o incêndio.
- É um crime. Se eu tivesse uma bota bem comprida, por Deus que eu ajudava a apagar esse fogo - disse.
O diretor da Fepagro, Nelson Henrique Abiatti da Silva, estava na fundação antes de o fogo começar. Quando chegou em casa, ouviu no rádio que o incêndio estava acontecendo, correu para o local e viu as chamas consumirem eucaliptos e pínus inteiros.
- Isso machuca. É um enorme prejuízo para a fauna. Os tatus, veados e lebres que vivem aqui são os que mais sofrem. A Brigada acredita que um toco de cigarro possa ter provocado tudo isso - lamentou.
Reforço Por volta das 20h, os seis bombeiros que estavam no campo ainda tinham trabalho em isolar o fogo, que se aproximava de um trator da Fepagro. Um funcionário da fundação usava a máquina para tentar ajudar a controlar as chamas. No entanto, o trator atolou e ficou difícil tirá-lo do local. Enquanto isso, as chamas se aproximavam e havia o medo de uma explosão.
A dificuldade de acesso ao local do incêndio obrigava os bombeiros a lutar contra as chamas usando os abafadores. Por volta das 21h, outro caminhão foi ajudar. O esforço era apagar as chamas na beira do asfalto. De acordo com os bombeiros, não havia risco para os carros que passavam, porque as chamas podiam ser vistas de longe.
Área de fogoInimigos- 26 de fevereiro de 2005 - Um incêndio que durou cerca de 30 horas queimou 80 hectares da área da Fepagro. A causa é desconhecida
- 15 de agosto de 2007 - Um curto-circuito em um poste de luz teria sido a causa de um incêndio que devastou 120 dos 542 hectares da Fepagro. O fogo durou cerca de três dias
No incêndio de agosto, o vento ajudou a alastrar o fogo. Mas ontem foram o clima sem umidade e a vegetação seca da área que contribuíram para espalhar as chamas
O que éÉ um órgão do governo do Estado que incentiva, planeja, promove e realiza projetos e programas de pesquisa agropecuária
Presta serviços a entidades públicas e particulares e faz pesquisas com o objetivo de produzir e preservar material genético de vegetais e animais
Tem unidades em 24 cidades do Estado
Fique alerta*Nunca jogue tocos de cigarro no chão. O calor pode ajudar a provocar um incêndio
Nunca coloque fogo em vegetações ou lavouras
Nunca coloque fogo em lixos
Se o fogo estiver perto de casas, molhe o terreno ao redor dela
Se o fogo for na vegetação rasteira, tente apagar com galhos verdes
Chame os bombeiros em caso de fogo. O telefone é o 193
* Alguns cuidados para evitar incêndios, principalmente épocas quentes e secas, ou quando há vento norte na região
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Diário de Santa Maria, 10/09/2007)