Ministro francês visita florestas plantadas em Minas Gerais
silvicultura
2007-09-10
Jean-Louis Borloo esteve no Estado semana passada para conhecer as técnicas usadas nas plantações de eucalipto da V&M no centro-norte e Noroeste mineiros
Além do biodiesel, o Brasil tem se tornado referência mundial também quando o assunto são florestas plantadas. Criadas para atender as demandas de matéria-prima da indústria da celulose e para alimentar fornos de metalúrgicas, cimenteiras etc, poupam as espécies nativas e ainda zeram o ciclo das emissões do carbono. A experiência do país no assunto tem chamado a atenção de autoridades internacionais.
Uma delas, o ministro de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável da França, Jean-Louis Borloo, esteve no Brasil na semana passada em visita ao centro de pesquisa florestal da V & M do Brasil, no centro- norte e Noroeste mineiro. Acompanhado por Marco Antônio Castello Branco, presidente do conselho de administração do grupo siderúrgico, Borloo conheceu as pesquisas florestais, as plantações clonadas de eucalipto interligadas a corredores ecológicos de fauna e flora da região, os novos fornos de produção de carvão e a preservação das veredas.
A visita faz parte de uma grande consulta que o ministro está realizando em vários outros ecossistemas, de modo a construir estratégicas bem-sucedidas para uma governança mundial sustentável. "A realidade aqui é bastante diferente daquela divulgada lá fora. Eu pensava que a plantação de eucaliptos estava sendo responsável pela devastação da Amazônia. E é justamente o contrário", disse o ministro. Borloo acredita que as florestas plantadas podem suprir o processo produtivo com um carvão ecologicamente correto, além de abastecer o mercado e poupar o que resta de florestas nativas.
Um exemplo desse processo é atribuído à V & M do Brasil, única produtora mundial de tubos de aço sem costura - quase 600 mil toneladas em 2006 - a utilizar 100% de carvão vegetal como redutor nos alto-fornos. Por isso, o seu produto recebe o nome de Tubo Verde. A capacidade de produção das 21 fazendas da V &Mdo Brasil é cerca de 1,2 milhão de metros cúbicos de carvão vegetal por ano. São aproximadamente 102 mil hectares de florestas plantadas, em áreas que totalizam 184 mil hectares.
Dessa forma, o processo industrial para a fabricação dos tubos consiste em um circuito fechado, que começa pelas florestas de eucalipto continuamente plantadas e termina na produção do aço. Cada molécula de oxigênio (O2) captada da atmosfera para a produção do aço é compensada pela fotossíntese realizada nas florestas de eucalipto da empresa. Da mesma forma, a geração de moléculas de dióxido de carbono (CO2) nos processos siderúrgicos fica mitigada pela absorção desse gás pelas florestas plantadas.
Em resumo, todo o CO2 emitido é absorvido e o O2 consumido é reposto pelo processo de fotossíntese nas florestas. As escórias geradas na produção de ferro- gusa e aço são utilizadas pela V & M como matéria-prima na produção de cimento, bases para asfalto, vidro, lã, fertilizante e corretivos de solo.
(O Tempo, 10/09/2007)