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emissões de gases-estufa
2007-09-10
Ambientalistas e ecologistas se mostraram decepcionados com o acordo alcançado na cúpula Ásia-Pacífico (Apec), que estabeleceu "aspirações" de alcançar metas para a questão do aquecimento global, mas que, no fundo, é um gesto vazio que pode prejudicar os atuais esforços em relação ao problema.

o clima se transformou no ponto central da agenda dos 21 líderes do Apec reunidos neste fim de semana, em Sydney, que se comprometeram com metas em longo prazo, mas nenhuma delas ligada à questão da emissão de gases poluentes. O primeiro-ministro australiano, John Howard, descreveu a declaração como um "verdadeiro marco", mas os ativistas não se mostraram impressionados e, ao contrário, consideraram que se trata de um documento sem conteúdo.

"Sem objetivos que visem a reduzir as emissões de gases poluentes, a declaração de Sidney carece de sentido e é irrelevante para a mudança climática", assinalou Abigail Jabines, ativista do Greenpeace. "É uma decepção política. As nações desenvolvidas da Ásia-Pacífico não podem ficar impassíveis e não atuar frente a esse tema", afirmou.

Jabines acusou o presidente George W. Bush e o premier Howard de tentar sabotar o protocolo climático de Kyoto, que ambos se negam a ratificar. "Se Howard e Bush quisessem fazer um esforço real com relação ao tema do clima, ratificariam o protocolo de Kyoto e adotariam soluções reais", afirmou.

O professor Hugh Outhred, especialista em energia da Universidade australiana de New South Wales, disse que as declarações gerais permitem aos líderes políticos parecer preocupados com o clima, sendo que, na realidade, eles fazem muito pouco a respeito. "A implicação disso pode ser um atraso em qualquer tipo de ação. Eles ganham tempo e fazem o mínimo possível", acrescentou.

A declaração de Sydney pede aos membros da Apec para reduzir até 2030 em 25% a intensidade energética, um objetivo que, segundo o Greenpeace, a maioria dos países deve alcançar de qualquer maneira. A declaração reafirmou as Nações Unidas como a organização que deve se encarregar das discussões sobre a mudança climática.

Julie-Anne Richard, da rede australiana de Ação Climática, disse que "o mundo não tem tempo para ações voluntárias; o que se necessita é uma ação real, objetivos reais e cronogramas reais". Também houve uma crítica mordaz no Los Angeles Times, que assinalou que a "declaração de aspirações de Sydney foi uma peça de teatro político destinada a potencializar as credenciais ambientalistas do primeiro-ministro australiano que enfrenta uma crucial eleição no fim do ano".
(AFP, 09/09/2007)


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