Portugal poderá enfrentar «consequências desastrosas», como contaminação radioactiva da parte portuguesa do Rio Tejo, caso se registe um acidente na central nuclear espanhola de Almaraz, a 200 quilómetros da fronteira, disse à Lusa a Greenpeace-Espanha. As declarações da porta-voz da organização ecologista Greenpeace-Espanha, Sara Pizzimato, surgem na véspera de um protesto convocado por várias organizações espanholas para exigir o encerramento da central nuclear de Almaraz, na qual também participa a Associação Ambientalista Quercus.
Esta central nuclear, localizada na província de Cáceres, a cerca de 200 quilómetros de Portugal, encontra-se situada numa barragem num afluente do Rio Tejo e, de acordo com a Greenpeace-Espanha, acarreta «grandes riscos para a região, o que também inclui Portugal». «Existe um risco de acidente grave na central nuclear de Almaraz que não pode ser excluído», afirmou hoje à Lusa Sara Pizzimato, explicando que em Portugal «existem os mesmo riscos de contaminação que existem em Espanha».
«No caso de uma eventual contaminação da água, Portugal também poderá sofrer consequências desastrosas, uma vez que a radioactividade chegaria ao país através do Rio Tejo», afirmou a responsável. «Outro cenário preocupante para Portugal é a possibilidade de, em caso de acidente, a radioactividade na atmosfera ser levada até ao território português pelos ventos de Leste», acrescentou.
A frequente ocorrência de problemas na Central de Almaraz, que têm conduzido ao seu encerramento por diversas vezes e consequentes libertações de níveis mais elevados de radioactividade, tem levado a que há vários anos diferentes organizações se juntem anualmente para pedir o seu encerramento.
«Esta Central funciona desde os anos 1980 e já ultrapassou a sua vida útil, que a nível internacional é estipulada para as centrais nucleares em cerca de 25 anos», explicou a responsável, acrescentando que «quanto mais tempo passar, maiores são os riscos de um possível acidente».
«Amanhã vamos pedir que todas as centrais nucleares em Espanha sejam fechadas, uma vez que são inseguras, caras e desnecessárias», acrescentou Pizzimato, sublinhando que «Portugal também deve pressionar nesse sentido».
Para a responsável, num processo mundial no qual se procuram soluções para as alterações climáticas «tem de ficar bem claro que a solução não passa pela energia nuclear» e que «a dependência de urânio também pode aumentar a proliferação de armas nucleares».
«Actualmente quer-se fazer querer que o nuclear é uma boa solução energética, devido a menores emissões de dióxido de carbono, mas há muitos outros problemas associados a este tipo de energia que não podem ser escondidos», frisou.
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Diário Digital / Lusa, 08/09/2007)