Fazer com que a sociedade volte a discutir as privatizações no país foi um dos principais objetivos atingidos pelo 13º Grito dos Excluídos, realizado na última sexta-feira (07/09). A avaliação é de um dos coordenadores nacionais da manifestação, Ari Alberti.
“Nós conseguimos trazer para a sociedade esse tema, que parecia que era uma questão já totalmente resolvida”, diz. “Para nós, o ponto alto foi que as atividades aconteceram nos 26 estados e no Distrito Federal. O fato de você conseguir trazer para a sociedade e discutir isso de Norte a Sul e de Leste a Oeste no país a gente avalia como ponto positivo.”
Esta edição do Grito dos Excluídos, um contraponto às comemorações do Dia da Pátria, reuniu ao menos 212 mil pessoas em todo o país, segundo os organizadores. A intenção da manifestação, organizada por cerca de 60 entidades e movimentos sociais, foi protestar principalmente contra a privatização da mineradora Vale do Rio Doce, em 1997. O processo de venda da empresa é considerado fraudulento pelos manifestantes.
O coordenador avalia também que a participação dos “excluídos de fato” nas mobilizações está crescendo ano a ano, mas que ainda não é satisfatória. “O desafio não está completo até que você consiga que os excluídos de fato possam se sentir protagonistas do acontecimento. E se eles estiveram cada ano mais presentes nas atividades, significa que o processo de construção está sendo correto”, afirma.
São Paulo foi o estado onde o maior número de pessoas participou das manifestações. De acordo com os organizadores, participaram mais de 95 mil pessoas em Aparecida e 13 mil na capital paulista, onde as atividades incluíram missa na Catedral da Sé e caminhada até o Monumento do Ipiranga.
Em Brasília, os manifestantes saíram da rodoviária em direção à catedral, mas a Polícia Militar (PM) barrou os manifestantes em frente à Biblioteca Nacional. Na Paraíba, mais de 1,5 mil pessoas participaram da manifestação em João Pessoa, segundo a organização, mas foram barradas pela PM durante a passeata. Também houve manifestações em outras cidades, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Porto Alegre e Curitiba.
Em diversos estados, os movimentos organizadores do Grito continuaram realizando, até domingo (09/09), um plebiscito sobre a privatização da Vale do Rio Doce. As entidades pretendem levar o resultado ao conhecimento de representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
"Nós precisamos avançar a democracia representativa do país. Ela deu mostras de que se esgotou como possibilidade de pensar um projeto de nação diferente. Então a nossa luta é para que aquele Artigo 14 da Constituição brasileira de 1988, que fala de plebiscito, referendo e consultas à população, seja de fato implementado", afirma Ari Alberti.
(Por Bruno Bocchini e Roberta Lopes, Agência Brasil, 08/09/2007)