Em uma sala exígua, no Centro Administrativo, às margens da SC-401, em Florianópolis, o futuro de SC está sendo traçado. Por ali, passam as principais propostas de investimento para o Estado. Algumas ainda em fase embrionária. Outras já em detalhamento final. Somadas, alcançam a impressionante cifra de R$ 11,5 bilhões até 2011. São empresas que pretendem se instalar em SC pelos mais variados motivos, mas com uma única certeza: as condições estão favoráveis para o desenvolvimento da economia catarinense.
A poucos metros do gabinete do governador, o ocupante da sala surpreende à primeira vista. Apesar da jovialidade, pouco comum para quem exerce tal função, o secretário de Assuntos Estratégicos do governo do Estado, Alexandre Fernandes, mostra maturidade quando o tema é atração de investimentos. Ele é a peça chave no intricado quebra-cabeças para seduzir uma companhia a aplicar seu capital no Estado e não optar pelo Rio Grande do Sul, Paraná ou até mesmo outros países.
- Algumas ações já são conhecidas como a unidade da Votorantin, em Vidal Ramos, e as mais de 70 PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) que já foram aprovadas, além dos investimentos nos terminais portuários tanto na região Norte quanto em Itajaí e Navegantes, que totalizam R$ 1,2 bilhão, e que transformarão o Estado em referência no sistema portuário - diz Fernandes.
No entanto, também há projetos tratados como "segredo de Estado". O maior deles é a tão sonhada atração de uma montadora de veículos. O próprio secretário admite que negocia com três companhias, sendo uma delas a gigante asiática Toyota, que, sozinha, responderia por um aporte em torno de R$ 5 bilhões.
- Não podemos comentar nada, mas há um processo em andamento - admite.
Projeto para transformar o carvão em gás natural
Para o Sul do Estado, Içara pode ser a grande vedete do investimento que mudaria a matriz energética de SC. Um grupo norte-americano, que desenvolveu a tecnologia de converter carvão mineral em gás natural, mostrou-se interessado na qualidade das jazidas carboníferas. O investimento, orçado em R$ 3 bilhões, pode garantir a auto-suficiência de gás natural para a região, o que reduziria o custo de produção das indústrias cerâmicas.
A agroindústria, no Oeste, também comemora. A conquista do status de Zona Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação transformou SC em um oásis para as empresas do setor. As principais companhias como Aurora, Perdigão e Cedrense planejam desembolsar recursos na ordem de R$ 1,2 bilhão somente no Estado.
Na área de infra-estrutura, duas megausinas estão em andamento. A do Salto Pilão, no Rio Itaja-açu, com recursos da ordem de R$ 500 milhões e a Foz do Chapecó, no Rio Uruguai, que chega a R$ 2,2 bilhões.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, Glauco José Côrte, avalia que este novo eldorado catarinense deve-se, principalmente, à diversidade do setor produtivo catarinense, aliado à qualidade da mão-de-obra e ao elevado nível de formação educacional.
- As condições de infra-estrutura estão melhorando, temos a duplicação da BR-101 e os novos terminais portuários. São sinais de que alguns gargalos estão sendo solucionados, mesmo que não no ritmo esperado - avalia.
Cortê prevê que o PIB catarinense cresça em 2007 um ponto percentual acima do índice brasileiro, cerca de 6%.
(Por Rafael Marini, Diário Catarinense, 09/09/2007)