Deteriorado pela ação do tempo e falta de manutenção, parte do patrimônio histórico e cultural do Estado revela um quadro de abandono. A restauração de construções que contam a história do desenvolvimento gaúcho por meio da arquitetura esbarra em fatores como recursos financeiros e falta de interesse de proprietários. Outro problema diz respeito ao número e qualidade de projetos apresentados com a finalidade de captar verbas por meio das leis de incentivo.
Em relação à preservação de patrimônio, o Rio Grande do Sul vive uma situação peculiar no país. Ao contrário de outros estados, existem mais recursos federais disponíveis do que projetos de captação, segundo a superintendente regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ana Lúcia Meira. Os municípios gaúchos têm dificuldades na formulação de propostas. 'As prefeituras não têm capacitação para a formular os projetos. Apenas uma minoria conta com profissionais voltados à área', afirma.
Nos últimos três anos, R$ 7,5 milhões do orçamento do Iphan foram destinados à preservação de patrimônio no RS. Outros R$ 70 milhões foram investidos via editais da Petrobras, CEF, Banco do Brasil e BNDES. Ana Lúcia lembra que os municípios podem ainda recorrer aos diferentes programas do governo federal que abrangem diversas necessidades. Ela salienta que tem aumentado o interesse de empresas na área da restauração pela visibilidade que dá à marca. Mas ressalta: 'Tudo é feito por editais, que saem toda semana', destaca a superintendente.
Na escolha dos projetos de restauração, pesa a destinação dos imóveis após a conclusão das obras. 'É observado se o uso será público', diz a diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Beatriz Kother, destacando que 'existe desconhecimento quanto às potencialidades do patrimônio'.
(Por Carina Fernandes, Correio do Povo, 09/09/2007)