Está fechado, em pleno feriado da Independência, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, que recebe milhares de turistas por ano. O motivo é o incêndio que, em oito dias, queimou 15% da reserva. Nesta sexta-feira (06/09) os brigadistas receberam reforço no combate às chamas.
Os motoqueiros passaram por trilhas que costumam percorrer em feriados como o desta sexta. Na garupa, brigadistas e equipamentos como bombas d´água e a pressa para encontrar o caminho em direção aos focos de incêndio.
É mais do que justo ajudar no momento que precisa - diz o comerciário Cristiano Aurélio.
Por terra, muitas dificuldades. Só com o transporte aéreo se chega com rapidez ao local do incêndio. Um helicóptero transportou dezenas de homens entre os 160 que, há oito dias, tentam apagar o fogo. Para acelerar o trabalho, eles vão montar motobombas, que retiram água dos rios e injetam nos tanques dos brigadistas. Tecnologia para enfrentar chamas extensas.
O incêndio tomou proporções muito grandes, aproximadamente 10 quilômetros de linha e isso dificulta bastante o combate - afirma o major Abadio Cunha, da Defesa Civil de Mato Grosso.
As equipes chegaram a usar aviões para combater o incêndio. Eles fizeram várias viagens e despejaram água em alguns pontos críticos. Mas as operações tiveram que ser interrompidas depois que o fogo voltou a atingir as áreas de montanhas.
As chamas já podem ser vistas dos paredões do Véu de Noiva, região de nascentes e cachoeiras que registra o maior movimento de turistas no parque. A reserva, que recebe 120 mil turistas por ano, está fechada para a visitação desde que o incêndio começou.
O prejuízo é enorme em todos os sentidos. Financeiro, social, um prejuízo de saúde imenso para a população, e um prejuízo ambiental incalculável que vai ter o estado do Mato Grosso - acredita Rodrigo Faleiros, coordenador do Prev-Fogo, do Ibama.
No Pará, falta fiscalização para conter as queimadas provocadas por fazendeiros. O fogo avança noite adentro. É agora, no período de seca, que as queimadas se alastram por toda a região amazônica. E muitas vezes o fogo que começa no pasto, termina na floresta.
São as queimadas criminosas. Fazendeiros ateiam fogo para renovar as pastagens e para abrir novas áreas de criação de gado. Não respeitam nem as unidades de conservação.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em todo o país, de janeiro a agosto deste ano, as queimadas em áreas de preservação cresceram 43% em relação ao mesmo período do ano passado.
- Nós temos algumas unidades de conservação recém-criadas que estão sendo estruturadas ainda, que nós não temos ainda servidores lá na região - afirma Aníbal Picanço, superintendente do Ibama-PA.
Só na Floresta Nacional de Carajás, no sudeste do Pará, o fogo já consumiu 1,2 mil hectares de mata. De acordo com o Imazon, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, mesmo quando os fiscais conseguem chegar, já não há muito o que fazer. Resta multar os culpados.
- A arrecadação desses valores é muito baixa e se não tem uma punição posterior à emissão das multas, não tem incentivo para realmente cumprir a lei - diz Paulo Barreto, pesquisador do Imazon.
Um procurador da República denuncia que fazendeiros estão criando gado dentro da estação ecológica da Terra do Meio e do Parque Nacional da Serra do Pardo, ambas no Pará.
- Há que se ter uma vontade política de se deslocar esses servidores de Brasília, dos locais onde se encontram, para a Amazônia. Onde o Ibama tem menos agentes ambientais é na Amazônia - afirma Marco Antônio Almeida, procurador da República no Pará.
(Jornal Nacional/O Globo, 07/09/2007)