Rumores de que a brasileira Vale do Rio Doce e a concorrente australiana BHP Billiton estariam se juntando para comprar a anglo-australiana Rio Tinto mexeram com as ações de todas as grandes mineradoras internacionais. A Vale e a BHP planejariam fazer uma oferta conjunta pela Rio Tinto, que depois seria dividida, a exemplo do que um consórcio de bancos pretende fazer com o holandês ABN Amro, segundo o "Financial Times".
A BHP é a maior mineradora do mundo, e a Vale, a maior produtora de minério de ferro. A Rio Tinto, por sua vez, é a terceira maior mineradora do planeta. Em julho, a empresa fez uma oferta de US$ 38,1 bilhões pela canadense Alcan para criar a maior produtora global de alumínio.
A expectativa é que o setor de mineração passe por uma onda de consolidação, que terá como efeitos ganho de eficiência e aumento do poder de negociação nos preços de commodities.
Por outro lado, a alta concentração pode inviabilizar o negócio nos órgãos internacionais de defesa da concorrência. Juntas, as três empresas somam até 80% da produção de minério de ferro do mundo. A expectativa do mercado é que o minério de ferro suba mais 20% no próximo ano.
"A Rio Tinto possui alguns ativos excelentes, mas essa seria uma transação enorme até mesmo para a BHP", diz Richard Scott, do britânico Iimia Investment Group.
No Brasil, a Vale do Rio Doce teve alta de 3,49% nas ações PNA (sem direito a voto) e de 3,39% nas ações ON (com direito a voto), que fazem parte de aplicação do FGTS dos trabalhadores. As ações da Vale foram as mais negociadas ontem na Bovespa, representando quase 22% dos negócios.
As ações da Rio Tinto subiram 3,5% na Bolsa de Sydney, maior alta desde 24 de julho, e 5,4% em Londres, atingindo o mais alto patamar desde 23 de julho. Com a alta, o valor de mercado da empresa chegou a US$ 102,5 bilhões.
Já os papéis da BHP tiveram alta de 5,41% em Nova York. As ações da concorrente Anglo American, que estaria fora do negócio, subiram 1,6%.
A BHP, a Vale do Rio Doce e a Rio Tinto não comentaram os rumores do mercado.
Cade
A Vale do Rio Doce informou ontem, em nota, que comunicou ao Cade sua opção por abrir mão do direito de preferência na compra do minério excedente da mina de Casa de Pedra, caso perca definitivamente os recursos que move na Justiça contra a decisão do órgão.
Mas, no comunicado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Vale informou que exigirá uma indenização da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) -proprietária da mina- para deixar de exercer o seu direito.
A notificação oficializa a opção já divulgada pela empresa de não vender a mineradora Ferteco. O fim da preferência na mina Casa de Pedra e a venda da mineradora foram alternativas impostas pelo Cade à Vale no julgamento de sete operações em 2005. Nessas operações, que foram realizadas entre 2000 e 2001, a Vale comprou cinco mineradoras e ainda realizou um descruzamento de ações com a CSN.
(Por Toni Sciarretta, Folha onine, 07/09/2007)