Há mais de seis décadas verde e saudável sobre a ponte da Avenida João Pessoa, na Capital, uma palmeira agora de folhas queimadas e murchas chama a atenção desde o início do ano. Ontem, técnicos ambientais iniciaram a primeira tentativa de salvá-la e deixá-la vigorosa como antes e como as outras sete palmeiras ao seu lado.
Dentro de um cesto a 25 metros de altura, a bióloga Regina Patrocínio aplicou um produto sob as folhas para combater um fungo agressivo.
- Subi em julho e achei que ela sobreviveria, tinha algumas folhas verdes. Agora não tem mais. Quando brota algo, logo seca. Isso me preocupa.
Os profissionais envolvidos desconfiam de que a planta tenha sofrido uma descarga elétrica no verão e, enfraquecida, um fungo se aproveitou para se instalar. O laudo elaborado pelo professor Valmir Duarte, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), constatou a presença de Fusarium proliferatum, fungo que danifica os tecidos de condução da seiva, provocando o secamento das folhas e que pode levar à morte.
O tratamento se estenderá às outras do local, porque existe risco de contaminação. Será feito um controle biológico de combate ao fungo patógeno através da aplicação de um outro fungo, o trichoderma, no solo. Depois, uma camada de terra será retirada, adubada e uma nova aplicação de trichoderma em pó será feita. Então, a terra retorna ao canteiro para que as palmeiras absorvam o produto pela raiz. Se até o final do ano a palmeira doente não se recuperar, a bióloga acredita que ela deverá ser substituída.
A operação foi realizada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com a ajuda da professora Aida Terezinha Santos, da UFRGS, que forneceu o trichoderma que ela mesma produz.
Saiba maisPalmeiras plantadas em cima de uma ponte por si só já é curioso. Mas o mais surpreendente é que foram plantadas por engano no entroncamento das avenidas João Pessoa e Ipiranga.
- Nos congressos de arborização, pessoas de outros lugares comentam isso e relatam nunca ter visto nada parecido - conta a bióloga Regina Patrocínio.
Um documento de 2000, da Sman, sobre o Plano Diretor de Arborização de Vias Públicas, diz que relatórios municipais de 1937 informam que existiam 197 palmeiras em fila dupla no canteiro central da João Pessoa e, 12 delas, por equívoco, sobre a ponte. Oito estão até hoje.
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Zero Hora, 06/09/2007)