O número de queimadas em áreas de preservação --parques federais, estaduais e terras indígenas-- sofreu aumento de cerca de 43% em relação ao ano passado.
Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram 30.587 focos em parques de janeiro a agosto de 2007, contra 21.333 no mesmo período de 2006.
São três razões principais: longo período sem chuvas, baixa umidade do ar e altas temperaturas que facilitam a propagação do fogo.
"É um ano notadamente mais seco, principalmente na região central do país. Há regiões que estão há três meses sem uma gota d'água", disse Alberto Setzer, pesquisador do Inpe e responsável pelo monitoramento de queimadas.
Segundo Setzer, no caso das áreas de conservação, as queimadas também são iniciadas por invasores e por vizinhos dos parques que, normalmente, utilizam fogo para abrir pastos. Ele também citou descontrole na formação dos aceiros --faixas de vegetação queimadas no entorno dos parques para evitar incêndios.
"As unidades sofrem todo tipo de invasão. Muitas ainda estão em litígio e o proprietário que teve a área desapropriada, por exemplo, queima o parque propositalmente", afirmou.
Entre as unidades de conservação, o pesquisador afirmou que o maior problema está nas terras indígenas. "Como pertencem à Funai [Fundação Nacional do Índio], o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] não tem autorização para entrar e os índios colocam muito fogo."
Incêndio No Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT), o incêndio entrou ontem no quinto dia e já consumiu cerca de 3.500 hectares --o equivalente a cerca de 4.900 campos de futebol-- dentro da reserva e mais de 7.500 hectares no entorno, totalizando 10 mil hectares.
"É o pior incêndio dos últimos anos. De uma só vez já devastou cerca de 10% do parque. Durante todo o ano de 2004, por exemplo, foram 12% destruídos", disse Eduardo Barcellos, chefe do parque, que tem 33.000 hectares e é o quarto mais visitado do país.
Os efeitos do incêndio são sentidos em Cuiabá, que está coberta por uma densa fumaça. Os hospitais da cidade já registraram aumento de pacientes com problemas respiratórios.
Sob alerta Pelo menos 108 unidades de conservação --parques federais, estaduais e terras indígenas-- registraram focos de calor ontem. O Parque Nacional do Araguaia, em Tocantins, liderava a lista, com 193 focos detectados.
(Por Cíntia Acayaba,
Agência Folha, 05/09/2007)