Conhecido pela demora em nomear aliados para cargos de comando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma missão espinhosa pela frente.
Em um mês, terá que decidir quem vai comandar a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Os decretos de criação dessas superintendências foram publicados na semana passada no Diário Oficial da União. "A Sudene passa a existir de fato em 30 dias e, nesse prazo, o presidente Lula terá que nomear os diretores e os superintendentes", afirmou o deputado Zézeu Ribeiro (PT-BA), relator do projeto de recriação do órgão.
Na Sudam, a disputa é acirrada. Prometem brigar pelas indicações o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), a governadora do Pará, Ana Júlia (PT), o senador José Sarney (PMDBAP), o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) e o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR).
O PMDB já avisou ao presidente Lula que deseja controlar não apenas a Sudene, mas também a Sudam. O PT também não quer perder espaço. Nessa disputa, os dois partidos devem buscar uma composição na divisão dos cargos. Ana Júlia e Jader Barbalho, por exemplo, fazem dobradinha no Pará. O mesmo ocorre na Bahia com Geddel e Jaques Wagner.
Na semana passada, Jader esquivou-se de fazer comentários sobre nomes para a Sudam, ao ser procurado por vários jornais.
"A preferência deve ser por alguém que conheça a região e que tenha experiência e competência. Não importa se é um quadro técnico ou político. O importante é preencher esses requisitos".
O ex-governador do Acre, Jorge Viana, também se nega a falar sobre o assunto. Seus amigos e aliados dizem que ele não tem qualquer pretensão de disputar qualquer cargo para si na Sudam, o que não significa que não tente encaixar aliados em cargos estratégicos, como a indicação de Mâncio Lima Cordeiro, há cinco anos, para a presidência do Banco da Amazônia.
E é exatamente por ter perdido todos os espaços no Banco da Amazônia com a saída de Mâncio Lima, no primeiro semestre, para Barbalho, Sarney e o PT do Pará, que Viana pode ser beneficiado na composição da nova estrutura da Sudam.
As novas superintendências terão como instrumentos de ação os planos de desenvolvimento, incentivos fiscais e os fundos constitucionais e de desenvolvimento.
O orçamento desses fundos para 2007 é de R$ 8,8 bilhões. Lula determinou a recriação dos órgãos em 2003. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, em meio a um processo de denúncias de desvio de recursos públicos que envolveu, entre outros, o então presidente do Senado, Jader Barbalho, e a então governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL-MA), a Sudam e a Sudene foram extintas.
No ano passado foi recriada pelo Congresso - assim como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) - em lei que o presidente sancionou numa cerimônia especial no Palácio do Planalto.
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A Tribuna, 05/09/2007)