Conselho islâmico indonésio emitiu uma ‘fatwa’ contra a central de Muria, que seria construída ao lado de um vulcão adormecido. Ilha é a mais populosa do mundo e tem grande atividade sísmica (leia-se: terremotos).
Java, principal centro econômico e político da Indonésia, é a ilha mais habitada do mundo (mais de 120 milhões de habitantes, a maior parte vivendo na capital Jacarta), tem uma intensa atividade sísmica (o que significa muitos terremotos) e é pontilhada por 38 vulcões, vários deles ainda em atividade. Não é preciso saber javanês para perceber que o local não é dos mais indicados para abrigar uma usina nuclear, certo? Errado. Pelo menos para a Agência Nuclear Indonésia, que anunciou planos de construir na região de Jepara uma central atômica com 1 mil MW de potência. E logo ao lado de um vulcão – adormecido, mas até quando?
Mas a construção da usina já não é mais tão certa assim. Depois de muitos protestos da população e de grupos ambientalistas como o Greenpeace, o conselho religioso islâmico Ulama, entidade mais poderosa da Indonésia, com forte influência sobre a presidência, decretou uma ‘fatwa’ contra a proposta da usina nuclear que ficaria localizada no pé do Monte Muria, um vulcão adormecido.
“A decisão do conselho islâmico veio em boa hora, já que a comunidade de Jepara – onde seria construída a usina – está preocupada e tensa com a possibilidade de conviver com o perigo nuclear”, afirma Emmy Hafild, diretor-executivo do Greenpeace do Sudeste Asiático.
O Greenpeace, que há tempos faz campanha no país para alertar autoridades e comunidades sobre os riscos e altos custos de se construir usinas nucleares, espera agora que o presidente indonésio aceite a decisão do conselho islâmico de seu país e transfira imediatamente os recursos da obra para o desenvolvimento do potencial energético renovável da Indonésia, para que o país possa atender sua demanda por eletricidade.
“O governo da Indonésia deveria apostar em fontes renováveis como geotérmicas, solar e eólicas, criando um sistema descentralizado de geração energética e estabelecendo metas ambiciosas de eficiência energética”, afirma Nur Hidayati, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. “Para a segurança energética do país, o governo indonésio deveria olhar mais para a auto-suficiência e sustentabilidade apoiando mecanismos que assegurem e acelerem os investimentos em energias renováveis”, diz Nur.
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Envolverde/Greenpeace, 05/09/2007)