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2007-09-06
Manter o meio ambiente deste planeta tal como se encontra hoje se converteu em uma nova utopia, aparentemente modesta, no entanto, titânica. As utopias sempre inspiraram a humanidade, desde a defesa pela reconstrução depois das guerras do século passado, o fim do colonialismo e muitas outras. Aquelas foram utopias imperiosas e grandiloqüentes, criadas pelos excessos da época. Mas agora há uma nova, a ambiental. Esta utopia voltou a brilhar na conferência da Organização das Nações Unidas sobre aquecimento global realizada em Viena entre 27 e 31 de agosto, preparatória para a rodada global de diálogo que acontecerá em dezembro na ilha de Bali, na Indonésia.

Os objetivos desta utopia soam excessivamente burocráticos: reduzir à metade as emissões de gases causadores do efeito estufa até meados deste século em relação aos valores de 1990, para conter o aumento da temperatura global média em menos de dois graus até 2050. De outro modo, segundo muitos cientistas, as conseqüências ambientais, sociais e econômicas do aquecimento transformarão a Terra em um planeta inabitável. Funcionários governamentais, cientistas e especialistas reuniram-se no Centro Internacional de Viena para discutir como as medidas do mercado podem transformar o freio às emissões de gases que causam o efeito estufa em uma ferramenta comercialmente atraente. Os representantes do mundo em desenvolvimento deixavam claro o que significa, de fato, o aquecimento global.

“A cada ano, os furacões no Caribe ficam mais fortes, e também são maiores as perdas econômicas que causam”, disse à IPS Eduardo Reyes, subdiretor da Autoridade Nacional do Meio Ambiente do Panamá. Vários cientistas atribuíram o fenômeno ao aquecimento. Reyes disse que um reflexo das catastróficas conseqüências do aquecimento global é o desajuste entre o pagamento de seguros aos prejudicados e as perdas econômicas reais. O furacão Katrina, que açoitou o sudeste dos Estados Unidos em agosto de 2005, “provocou perdas econômicas de US$ 126 bilhões, mas os seguros pagaram apenas US$ 60 bilhões”, acrescentou. O cenário pode ficar mais difícil de muitas maneiras. “No debate sobre aquecimento global, um aumento médio máximo de dois graus na temperatura mundial até 2050 é considerado aceitável e apresentado oficialmente como objetivo para impedir uma perigosa interferência antropogênica com o sistema climático”, disse Yvo de bôer, secretário-executivo da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (1992).

“Porém, tais qualificações são muito subjetivas. Semelhante aumente nas temperaturas globais poderiam provocar um aumento do nível do mar suficiente para fazer desaparecer alguns atóis do Pacifico sul”, acrescentou. Por exemplo, Tuvalu, pequeno arquipélago do oceano Pacifico formado por nove atóis e arrecifes, cujo ponto mais alto fica apenas cinco metros acima do nível do mar. Pequenos Estados insulares em desenvolvimento, como Tuvalu, são extremamente vulneráveis ao impacto da mudança climática e do aumento donivel do mar. Trata-se de 51 nações que, somadas, não chegam a produzir 1% das emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa. Mas, enquanto para esses e outros Estados do Sul qualquer coisa que ocorra na frente do aquecimento global no Norte é de uma importância existencial, nas capitais européias e norte-americanas as decisões são tomadas tendo por base o rendimento dos investimentos.

“Sejam quais forem os objetivos em matéria de aquecimento global e redução nas emissões dos gases que provocam o efeito estufa, o que necessitamos são soluções de menor custo”, disse à IPS Bill Kyte, assessor de desenvolvimento sustentável e mudança climática da empresa fornecedora de eletricidade européia EON. Ao mesmo tempo, Kyte alerta que a reticência dos políticos do mundo industrializado em estabelecer o contexto dentro do qual se decidirão os investimentos em novas tecnologias aumentará as dificuldades para enfrentar o aquecimento, Kyte se referiu especificamente à geração de energia.

“Cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo em desenvolvimento não têm eletricidade. Precisamos, naturalmente, de uma nova matriz energética que inclua desde fontes renováveis até energia nuclear, que é livre de carbono, para alcançar os objetivos de reduzir à metade as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2050 e para atender a demanda mundial”, afirmou Kyte. Decisões de investimentos errôneas do ponto de vista ambiental, tais como centrais de produção de eletricidade à carvão, “criarão nova tecnologia num período de 30 a 40 anos”, e, no entanto, também criarão “novas fontes de emissões”, acrescentou. A utopia é criar um novo setor energético livre de carbono que possa satisfazer imediatamente as necessidades de crescimento econômico.

Kyte explicou que já estão disponíveis praticamente todas as tecnologias necessárias para reduzir pela metade as emissões, e que não há tempo para desenvolver outras. “As novas invenções precisam de muito tempo para tornarem-se viáveis, e nós estamos ficando sem recursos naturais e humanos, tais como engenheiros, aço e a própria energia para concebê-las”, enfatizou. Os cientistas estimaram que, sem mudanças fundamentais na política ambiental mundial, as emissões de dióxido de carbono duplicarão até 2050, isto representa um aumento substancial do aquecimento.

Para evitar esta situação, “temos de evitar emitir os sete a oito bilhões de toneladas equivalentes durante os próximos 50 anos. Esta é uma tarefa titânica”, alertou Kyte. “Por exemplo, para evitar a emissão de um bilhão de toneladas de carbono, o mundo terá de duplicar a atual geração de energia nuclear de 700 gigawatts ou multiplicar por 700 a atual capacidade de energia solar, ou, ainda, multiplicar por sete os atuais cultivos mundiais para produzir biocombustíveis”, concluiu o especialista.
(Por Julio Godoy, IPS, 05/09/2007)


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