O Brasil minimizou ontem (04/09) a importância da reunião sobre mudança climática convocada pelo presidente norte-americano, George W. Bush, por considerar que o tema deve ser tratado no âmbito da ONU.
- O debate dos Estados Unidos não representa outro caminho - disse a jornalistas João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. - Queremos que o assunto da mudança climática permaneça nas Nações Unidas.
Embora o Brasil "não espere uma mudança no comportamento" dos grandes emissores de gases do efeito estufa durante o debate convocado por Bush para 27 e 29 de setembro em Washington, Capobianco disse que o país comparecerá ao evento.
- Se os Estados Unidos abrem o debate, evidentemente isso nos interessa a todos, embora deva ficar claro que no nosso entendimento o foco do debate é a ONU - insistiu Capobianco após uma reunião internacional sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável no Rio.
O encontro de Washington pode abrir as portas para que os Estados Unidos participem de um acordo global sobre emissões no futuro, depois de rejeitar o Protocolo de Kyoto. No Rio, representantes de países das Américas, da Europa, da África e da Ásia discutiram durante dois dias o papel dos organismos que regem a coordenação internacional de proteção ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Os participantes concordaram que o trabalho desses órgãos é insatisfatório diante dos crescentes problemas ambientais, segundo funcionários brasileiros. Mas não chegaram a uma conclusão sobre se os organismos existentes, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, têm de ser reforçados ou se será necessário um novo organismo mais forte, no estilo da Organização Mundial da Saúde.
A chamada 'Reunião Ministerial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sutentável - Desafios de Governabilidade' foi convocada pelo Brasil, que convidou ao Rio países tidos como os de maior atuação no tema. O debate continua em 27 de setembro numa reunião na ONU, em Nova York. Ao abrir o evento no Rio, na segunda-feira, o chanceler Celso Amorim propôs a criação de uma nova entidade dentro do sistema da ONU para reforçar o âmbito institucional da governabilidade ambiental internacional.
A ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, disse na terça-feira que as fontes de financiamento continuam sendo o principal entrave às discussões sobre o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente, ainda que tenha havido algum avanço.
(
Reuters, 04/09/2007)