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2007-09-05
A escassez de gás natural no Brasil deve se prolongar até 2008, mas no longo prazo o combustível vai ultrapassar a energia hidrelétrica na matriz energética brasileira, afirmou ontem (04/09) o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Segundo estudos da EPE, o peso do gás natural vai passar dos atuais 9 por cento da matriz energética para 16 por cento em 2030 -enquanto o peso da hidrelétrica será de 14 por cento naquele ano.

A EPE também prevê uma redução da dependência externa do gás de 52 para 27 por cento em 2030, estimou o executivo.

O cenário leva em conta um crescimento do Produto Interno Bruto de 4,8 por cento ao ano, e preço do gás natural equivalente a 80 por cento do óleo combustível, também utilizado por usinas termelétricas.

"No curto prazo existe déficit de gás, mas hoje a situação hidrológica nos permite passar por isso sem problemas", disse Tolmasquim durante palestra em seminário sobre gás na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Ele citou como fatores que levarão ao aumento da oferta os projetos da Petrobras como o Plangas e a introdução do Gás Natural Liquefeito (GNL) na matriz energética.
"Com o Plangas a oferta aumenta em 40 milhões de metros cúbicos já em 2008, e mais os 20 milhões de GNL que também começa em 2008", contabilizou.
Ele lembrou que a Petrobras já anunciou que irá elevar a oferta de GNL em mais 10 milhões de metros cúbicos e procura um local para instalar o terceiro terminal, provavelmente no Sul do país, já que os dois primeiros ficarão no Ceará e Rio de Janeiro.

Ele não descartou também, no longo prazo, uma expansão no gasoduto Bolívia-Brasil, para possibilitar o aumento do envio de gás natural boliviano.
"Hoje a Bolívia não tem gás suficiente para atender todos os contratos, mas não acharia impossível daqui a 15 anos se falar em uma expansão do Gasbol, o governo de lá não vai querer deixar as reservas sem exploração", afirmou Tolmasquim.

Para atender o aumento de carga para o Brasil, que tem prioridade no atendimento do gás boliviano, a Bolívia teve que reduzir o gás enviado à Argentina e suspender o fornecimento à usina Mário Covas, em Cuiabá, Mato Grosso.

Segundo Tolmasquim, a Petrobras solicitou o envio de mais gás para atender os testes que estão sendo realizados pela agência reguladora do setor, Aneel, a fim de mapear quais térmicas teriam condições reais de entrar em operação.

(Por Denise Luna, Reuters, 04/09/2007) 

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