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erosão
2007-09-05
A erosão do solo é a “crise global silenciosa” que conspira contra a produção de alimentos e a disponibilidade de água, ao mesmo tempo em que gera 30% das emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pela mudança climática. “Estamos passando por cima do fato de o solo ser o fundamento da vida na Terra”, disse Andres Arnalds, diretor-assistente do Serviço de Conservação do Solo, da Islândia. “Em todo o mundo é alarmante a velocidade com que se está perdendo o solo e a vegetação”, acrescentou Arnalds, que conversou com a IPS desde Selfoss, na Islândia, enquanto assistia ao Fórum Internacional sobre Solo, Sociedade e Mudança Climática realizado durante o final de semana. “A degradação da terra e a desertificação são uma ameaça real para o futuro da humanidade”, ressaltou.

A produção de alimentos aumentou 50% entre 1980 e 2000, acompanhando o crescimento populacional. Porém, há dúvidas se existirá comida suficiente em 2050 para alimentar três bilhões de bocas adicionais. Para que isso seja possível, advertiu Arnalds, durante os próximos 50 anos será preciso produzir uma quantidade de alimentos superior ao total dos últimos 10 mil anos. “O rendimento por hectare já está diminuindo”, disse, por sua vez, Zafar Adeel, diretor da Rede Internacional de Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas, com sede no Canadá.

Os motivos são diversos. Entre eles esta o fato de a degradação do solo gerar uma crescente escassez de água. A terra e a vegetação agem como uma esponja que retém a água e depois a libera gradualmente, explicou Adeel. O aumento na utilização de biocombustíveis, extraídos de vegetais é o mais recente desafio para a produção de alimentos e a conservação do solo e da água, disse Andrew Campbell, responsável do órgão governamental australiano encarregado da conservação da terra. “Estes recursos naturais nunca estiveram sob tanta pressão. Os governos estão subsidiando os cultivos para produzir biocombustíveis”, acrescentou.

Centenas de milhões de quilômetros quadrados de terras para cultivo logo serão utilizados para atender a demanda de biocombustíveis. Inclusive, mesmo se as florestas não forem cortadas para plantar soja ou cana-de-açúcar, como ocorre em algumas regiões da América Latina e da Ásia, isso oferece poucos benefícios ambientais, disse Campbell. Outra razão para repensar o auge dos biocombustíveis é que colher os vegetais a partir dos quais são produzidos requer uma grande quantidade de água, que ficará insuficiente para obter a quantidade necessária de alimentos, acrescentou. Paradoxalmente, os problemas decorrentes da mudança climática podem fazer, finalmente, com que se faça algo a respeito de outro assunto fundamental: a proteção do solo.

A degradação da terra e a desertificação são responsáveis por 30% das emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo Rattan Lal, pesquisador da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. Estas mudanças alteram o equilíbrio da água, a temperatura e a energia do planeta. A mudança climática também agrava a degradação da terra, principalmente pelas modificações no padrão de chuvas e por uma crescente evaporação que gera um clima mais extremo. O dióxido de carbono e as pradarias são a forma mais rápida e efetiva de enfrentar a mudança climática”, destacou Adeel.

Existe um incentivo para fazê-lo. “O Protocolo de Kyoto, tratado internacional em vigor desde 2005, fixa limites obrigatórios para a emissão pelos países industriais, identifica seis gases que provocam o efeito estufa e mede seu efeito sobre o clima em unidades denominadas “equivalente dióxido de carbono”. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) criado pelo Protocolo de Kyoto permite que as toneladas de “equivalente dióxido de carbono” não emitidas sejam “vendidas” como direitos de contaminação a empresas do Norte rico, que os usarão para compensar as diferenças entre o que realmente contaminam e os limites impostos pelos governos.

Entretanto, Maryan Niamir-Fuller, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, alertou que as regras do MDL devem ser modificadas para assegurar que sejam alcançados os benefícios derivados de melhorias no clima e um desenvolvimento sustentável para os países pobres. Outras mudanças nas políticas são necessárias para conservar o solo e a vegetação, indicam os especialistas. Um deles, disse Adeel, é o abandono dos subsídios à produção de alimentos nos países do Norte, que contribuem diretamente para a degradação do solo nas nações pobres, ao forçar os camponeses a incrementarem a plantação para poderem competir.

Andrews destacou a inter-relação entre solo, água, energia, clima, biodiversidade e produção de alimentos, e disse que é necessário um processo de tomada de decisões que atenda a esta realidade. Atualmente, diversos órgãos governamentais adotam políticas em suas áreas sem considerar o impacto em outros setores, acrescentou. Os ministros de Energia gastarão milhares de milhões de dólares em biocombustíveis sem se preocuparem por seu efeito no solo, na biodiversidade, na água que consumirá e no preço dos alimentos, disse Andrews.

Não existe um acordo formal para a proteção do solo. Os delegados presentes no final de semana à reunião na Islândia consideraram a proposta de declarar um Ano Internacional do Cuidado com a Terra. “Na Islândia combatemos uma degradação do solo muito severa, que demorou cem anos”, disse Arnalds. Entretanto, 103 mil quilômetros quadrados ainda são áreas desérticas. A experiência da Islândia – afirmou – deveria servir como alerta a outros países e, também, como um sinal de que a degradação pode ser revertida com recursos suficientes. De todo modo, “é melhor prevenir do que curar”, ressaltou.
(Por Stephen Leahy, IPS, 04/09/2007)


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