(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
cvrd passivos da mineração
2007-09-04
Esta entrevista foi feita no Rio de Janeiro, com o advogado Carlos Cleto, do Sindicato de trabalhadores da Vale do Rio Doce, Itabira, MG, em 21.8.07.

Fale-nos sobre o comportamento da Vale em relação aos trabalhadores e trabalhadoras.
Cleto - As condições de trabalho na Vale, no caso de trabalhadores de minas, é má. Eles são superexplorados, ao ponto de estarem reduzidos a uma debilidade organizativa crônica. A Vale reduziu drasticamente seus quadros, desde a privatização. Hoje, em Itabira e Congonhas, trabalham para a Vale empregados terceirizados de umas 50 pequenas empresas, em muito más condições. São uma espécie de lumpen proletariado. Há casos de trabalhadores que há 15-20 anos não tiram férias. Têm contratos temporários com a empreiteira, no fim de um ano são demitidos, recebem as férias mas imediatamente são recontratados e continuam trabalhando! Quando o sindicato processa a empresa por um ou dois casos, ele ganha. Mas a maioria são trabalhadores não sindicalizados, que sonham em voltar para a área, ou botar um filho na empresa, e não querem contrariá-la.

Você pode dar um exemplo?
Cleto - É o caso do Sr. Eliseu. Foi o único trabalhador em Congonhas que teve a coragem de se apresentar para um processo na Justiça. No caso dele nós conseguimos ganhar! No começo dos anos 90 ele saiu da prestadora Santana e no dia seguinte estava noutra, sempre trabalhando para a Vale. Nesta lista de contratações do Sr. Eliseu, você vê que ele só esteve quatro dias fora da Vale, pois sua demissão coincidiu com uma virada de ano. E assim ele foi passando de firma em firma, sem férias, até agosto de 2005, quando estava doente com silicose, virou um bagaço velho, mais morto do que vivo, e foi jogado fora. A Vale tem estratégias de terror psicológico para fazer o trabalhador não buscar os seus direitos. Ao todo ele ficou 16 anos dentro da Vale do Rio Doce, ganhando salário mínimo, sem nunca ter reconhecidos os seus direitos.

Aos que, como o Sr. Eliseu, buscam apoio do sindicato, há então chance de vitória?
Cleto - Quando o sindicato abre processos assim, ele geralmente ganha. São de difícil contestação! Neste caso o juiz deu como sentença a terceirização ilícita, com formação de vínculo à tomadora dos serviços. Ele foi reconhecido como servindo à Vale nesses anos todos! No mesmo caso do Sr. Eliseu há mais de 1000 em Congonhas!

E não dá para fazer um processo coletivo?
Cleto - Não, pois o sindicato Metabase é de mineradores e os trabalhadores terceirizados são metalúrgicos. E este é como um balcão de negócios... É o caso da maioria dos sindicatos de metalúrgicos de uma maioria terceirizadada, trabalhando em pequenas firmas. Então, o Eliseu vai ganhar indenização da empresa e vai ter uma velhice menos angustiada. Mas os outros 1000 não vão ter nada, só doença e esquecimento. Uma mina da Vale é uma usina de destruição da saúde humana, ainda mais com as empreiteiras. E com a crueldade de que, quando o trabalhador vai fichar de novo, trazendo uma deficiência auditiva ou uma silicose, ele é jogado fora como bagaço imprestável. A Vale, quando vê que o homem já está com a saúde debilitada, quer carne nova pra moer. E o trabalhador terceirizado, agora portador de uma deficiência qualquer, vai para a mendicância, vai morrer na miséria.

(Por Marcos Arruda*, Adital, 03/09/2007)
* Socioeconomista e educador do PACS - Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, Rio de Janeiro, e sócio do Instituto Transnacional

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -