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desmatamento da amazônia
2007-09-04
Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo. Raramente se dão ao trabalho de prestar contas quando erram. Quando o fazem não é decerto com a ênfase e o destaque conferidos às poucas previsões que acertam. Pois bem: esta coluna errou há duas semanas, sob o título "Desmatamento à vista", ao predizer que a destruição da floresta amazônica tendia a aumentar com o crescimento da economia e do agronegócio neste ano.

Cinco dias depois de publicado o texto, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram a taxa confirmada de desmatamento no período 2005-2006 e a estimativa para 2006-2007. Pelo terceiro ano seguido, a taxa caiu.

Essa diferença entre taxa confirmada e estimativa decorre do uso de dois sistemas de monitoramento por satélite. Um é o Deter, criado para fornecer informação rápida, "em tempo real", para o Ibama e outros órgãos fiscalizarem e autuarem desmates ilegais logo depois de ocorridos. Usam imagens orbitais de menor resolução espacial (menos nítidas) e maior resolução temporal (mais freqüentes). De início, MMA e Inpe recusavam usar o Deter para estimar taxas de desmatamento, preferindo ater-se ao outro sistema, o Prodes. Com menos imagens e mais detalhes, este programa fornece desde 1988 as cifras oficiais do desmatamento da Amazônia brasileira. Mais trabalhoso, implica alguma defasagem na divulgação dos resultados (que saem meses depois de encerrado o período de derrubada).

A resistência logo desapareceu, quando o desmatamento começou a cair e o Deter permitiu dar a notícia mais cedo. Desde então, o governo federal passou a divulgar em agosto um par de informações: a taxa confirmada do período anterior (agosto a julho), segundo o Prodes, e a estimativa para o ano corrente, gerada pelo Deter.

De agosto de 2005 a julho de 2006, a taxa de desmatamento ficou em 14.039 km2, 25% a menos que os 18.793 km2 verificados nos 12 meses anteriores. Em 2003/2004, havia sido de 27.429 km2, a segunda maior da história, atrás só do recorde de 29.059 km2 de 1994/1995 -sempre segundo o sistema Prodes.

Noves fora, a taxa de desmatamento caiu quase à metade no governo Lula, que principiara com um recorde tenebroso. Agora, com a estimativa do Deter de meros 9.600 km2 em 2006/ 2007, a tendência de queda caminha para uma confirmação robusta. É certo que há margem de erro de 10% e que essa cifra animadora só será confirmada pelo Prodes daqui a um ano. Mesmo assim, é excelente notícia.

A novidade é boa, acima de tudo, para a gestão de Marina Silva no MMA. Mostra que suas iniciativas estão dando fruto, ao menos na Amazônia, independentemente da perversa dinâmica socioeconômica que ali em geral se observa. Em outras palavras: com a pecuária, a silvicultura (madeira, quase sempre ilegalmente extraída) e a soja em alta ou em baixa, o desmatamento continua caindo.

Isso significa que as medidas do MMA -da criação de unidades de conservação às ações contra corrupção no Ibama e à efetivação do Serviço Florestal Brasileiro- parecem estar dando certo.

Otimismo demais, no entanto, pode matar o cidadão (assim como a esperteza). O agronegócio continua a crescer e a se expandir. Os grileiros, madeireiros ilegais e corruptos tampouco sumiram da face da terra amazônica.

Não é o caso de relaxar.

(Por Marcelo Leite*, Folhapress / EcoAgencia, 03/09/2007)
*Marcelo Leite é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Clones Demais" e "O Resgate das Cobaias", da série de ficção infanto-juvenil Ciência em Dia (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia (www.cienciaemdia.zip.net).

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